ATA DA DÉCIMA QUINTA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA, EM 21-03-2005.
Aos vinte e um dias do mês de março de dois mil e
cinco, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara
Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas, foi realizada a chamada, sendo
respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Bernardino
Vendruscolo, Carlos Comassetto, Carlos Todeschini, Elói Guimarães, Haroldo de
Souza, João Antonio Dib, José Ismael Heinen, Luiz Braz, Manuela d'Ávila,
Margarete Moraes, Maria Celeste, Mônica Leal e Raul Carrion. Ainda, durante a Sessão,
compareceram os Vereadores Alceu Brasinha, Aldacir Oliboni,
Claudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Dr. Raul, Elias Vidal, Ervino
Besson, Ibsen Pinheiro, João Carlos Nedel, Mario Fraga, Maristela Maffei,
Maristela Meneghetti, Maurício Dziedricki, Paulo Odone, Professor Garcia, Sofia
Cavedon e Valdir Caetano. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos
os trabalhos e foram aprovadas as Atas da Quarta e Quinta Sessões Ordinárias e
da Primeira Sessão Solene. À MESA, foram encaminhados: pela Mesa Diretora, o Projeto
de Resolução nº 077/05 (Processo nº 1785/05); pelo Vereador Dr. Goulart, o
Pedido de Providências nº 349/05 (Processo nº 1651/05); pela Vereadora Maria Celeste,
o Projeto de Lei do Legislativo nº 079/05 (Processo nº 1620/05); pelo Vereador
Maurício Dziedricki, os Pedidos de Providências nos 295, 304, 306 e 342/05 (Processos nos 1456, 1487, 1489 e
1630/05, respectivamente), o Pedido de Informações nº 066/05 (Processo nº
1602/05) e o Projeto de Lei do Legislativo nº 071/05 (Processo nº 1472/05);
pelo Vereador Nereu D’Avila, o Projeto de Lei do Legislativo nº 041/05
(Processo nº 935/05). Também, foi apregoado Requerimento de autoria do Vereador
Nereu D’Avila, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando o desarquivamento
do Projeto de Lei do Legislativo nº 233/04 (Processo nº 5632/04). Do
EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nos 10039275, 10039276, 10039277,
10039279, 10039280, 10039281, 10039282, 10039283, 10039284 e 10039285/05, do
Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. A seguir, constatada a existência
de quórum, foi aprovado Requerimento de autoria do Vereador Sebastião Melo,
solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares, no dia de hoje,
tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Dr. Raul,
após a entrega de seu Diploma e Declaração de Bens, bem como a prestação do
compromisso legal e indicação do Nome Parlamentar, informando que Sua
Excelência integrará a Comissão de Saúde e Meio Ambiente. Em prosseguimento,
nos termos do § 8º do artigo 12 do Regimento, o Senhor Presidente concedeu a
palavra ao Vereador Dr. Raul, que discorreu sobre sua trajetória profissional e
política, citando o trabalho realizado junto a Postos de Saúde da periferia da
Cidade e a participação de Sua Excelência em movimentos populares ligados à
área da saúde pública. Ainda, solicitou o apoio dos Senhores Vereadores ao
Projeto de Lei do Legislativo nº 090/05, de sua autoria, que autoriza a criação do Centro Integrado de Planejamento Familiar de Porto
Alegre. Após, o
Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Nestor
Nadruz, representando o Conselho dos Usuários e Moradores do Parque e do Bairro
Moinhos de Vento, que avaliou a importância da preservação ambiental para o
crescimento positivo de uma Cidade, propugnando por políticas que garantam a
convivência da população com seus parques e sítios históricos. Nesse sentido,
defendeu a participação ativa da sociedade na análise de projetos que alterem
áreas de interesse cultural, para que essas propostas sejam acompanhadas por
profissionais de urbanismo e planejamento urbano e recebam a oitiva das
comunidades atingidas. Na ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores
Professor Garcia, Margarete Moraes, João Antonio Dib, Clênia Maranhão, Raul
Carrion, Elias Vidal, Luiz Braz e Ervino Besson manifestaram-se acerca do assunto
tratado durante a Tribuna Popular. Também, o Senhor Presidente registrou o
transcurso, hoje, do aniversário da Vereadora Clênia Maranhão. Às quatorze
horas e quarenta e nove minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos,
sendo retomados às quatorze horas e cinqüenta e dois minutos, constatada a existência
de quórum. Em TEMPO DE PRESIDENTE, o Vereador Elói Guimarães comentou protestos
efetuados por estudantes no dia dezoito de março do corrente, neste Legislativo,
contra aumentos nas tarifas do transporte coletivo de Porto Alegre. Sobre o
assunto, afirmou que esta Casa sempre foi instrumento de diálogo e expressão
das demandas da comunidade, criticando atitudes observadas durante os referidos
protestos, que resultaram em danos ao patrimônio público e à instituição Câmara
Municipal. A seguir, nos termos do artigo 94, § 1º, alínea "f", do
Regimento, o Senhor Presidente concedeu TEMPO ESPECIAL ao Vereador Adeli Sell,
que se reportou aos protestos estudantis realizados na Casa no dia dezoito de
março do corrente, relatando contatos mantidos pela Comissão de Educação,
Cultura e Esportes com a Direção da Empresa Pública de Transporte e Circulação
– EPTC, para discussão das tarifas de ônibus vigentes em Porto Alegre. Ainda,
asseverou sua crença no diálogo como elemento da democracia e de enfrentamento
dos problemas vivenciados pela população. Na oportunidade, o Senhor Presidente
leu correspondência eletrônica enviada pelo Irmão Firmino Biazus, Diretor do
Colégio Marista Nossa Senhora do Rosário, alusiva aos incidentes decorrentes de
protesto de estudantes, ocorridos no Plenário Otávio Rocha, no dia dezoito de
março do corrente. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Luiz Braz referiu-se aos
danos ocasionados a equipamentos desta Casa durante protesto estudantil
ocorrido no dia dezoito de março do corrente, repudiando a atitude dos
participantes dessas manifestações e frisando que a preservação do patrimônio
público é responsabilidade de todos os cidadãos. Finalizando, solicitou a
realização de Sindicância para que sejam devidamente apurados esses fatos e
responsabilizados os culpados. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Ervino
Besson registrou sua contrariedade a depredações ocorridas no dia dezoito de
março do corrente nesta Câmara, enfocando a necessidade de que não sejam confundidos
conceitos como democracia e anarquia. Também, mencionando programa de reforma
agrária implantado pelo Senhor Leonel Brizola quando Governador do Estado,
contestou linhas de atuação hoje seguidas pelo Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra – MST. O Vereador Elias Vidal parabenizou a campanha pela
doação de sangue realizada pelo Projeto Mais Vida, destacando a aprovação desse
Projeto junto à comunidade e agradecendo o apoio dado a essa iniciativa por
órgãos públicos estaduais e municipais. Em relação ao assunto, comemorou o
número de doadores cadastrados pelo programa até o dia de hoje, elogiando a
divulgação por parte da imprensa e frisando a importância do sangue para o
sucesso de intervenções médicas emergenciais. O Vereador Haroldo de Souza
externou seu repúdio às manifestações contra o aumento no preço das passagens
de ônibus, realizadas na última sexta-feira nesta Casa, considerando lamentável
o comportamento dos estudantes na ocasião. Nesse sentido, informou estar
solicitando seu afastamento da Comissão de Educação, Cultura e Esportes,
alegando que os Vereadores Adeli Sell,
Manuela d'Ávila e Sofia Cavedon autorizaram o uso deste Plenário para
manifestações ideológicas. O Vereador Professor Garcia discorreu acerca do
estado de coma irreversível em que se encontra a Senhora Terri Schiavo, dos
Estados Unidos da América, rechaçando a decisão judicial que autorizou o
desligamento dos aparelhos médicos que a mantêm viva. Ainda, posicionou-se
contrariamente à prática da eutanásia, procedendo à leitura de artigo publicado
pelo Vaticano, segundo o qual o caso de Terri Schiavo é um exemplo da
diminuição da compaixão humana. A Vereadora Maristela Maffei registrou o
transcurso, hoje, do Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial
e pronunciou-se acerca da situação financeira da Prefeitura Municipal,
afirmando que os últimos Governos fizeram um bom trabalho para o crescimento de
Porto Alegre. Também, comentou os fatos ocorridos neste Plenário durante
manifestações da última sexta-feira, reportando-se a incidentes semelhantes do
passado que, na sua opinião, não receberam a mesma importância. Em GRANDE
EXPEDIENTE, o Vereador Raul Carrion registrou o transcurso, no dia vinte e
cinco de março do corrente, do octogésimo terceiro aniversário do Partido
Comunista do Brasil, destacando ser essa sigla política a mais antiga do País.
Ainda, apontou os momentos mais significativos da trajetória do PCdoB, alegando
que a participação do Partido foi decisiva em momentos importantes da história
brasileira e avaliando positivamente o desempenho do PCdoB nas últimas
eleições. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Ibsen Pinheiro discursou sobre o poder da
televisão na formação da opinião pública, reafirmando, por outro lado, seu
compromisso com a liberdade de expressão e de criação. Nesse contexto, citando
como exemplo de manipulação do sentimento popular o programa Big Brother, da
Rede Globo de Televisão, externou sua preocupação com a formação das crianças e
dos jovens brasileiros em convívio com uma programação televisiva inadequada. O
Vereador José Ismael Heinen reprovou ação de manifestantes da Via Campesina que
incendiaram o carro de uma equipe de reportagem da RBS TV no Município gaúcho
de Sarandi e contestou protesto realizado por estudantes nesta Casa, contra
aumentos nas tarifas de transporte coletivo na Cidade. Ainda, externou sua
preocupação com a atual situação política da Venezuela e a proximidade
geográfica com o Brasil, mencionando a possibilidade de implantação de Regime
Militar naquele país. Na ocasião, foi apregoado documento de autoria do Vereador
Haroldo de Souza, informando a renúncia de Sua Excelência à Vice-Presidência da
Comissão de Educação, Cultura e Esportes, bem como seu afastamento da referida
Comissão. Em COMUNICAÇÕES, a Vereadora Maria Celeste, referindo-se à atual
situação financeira do Município de Porto Alegre, criticou diagnóstico contábil
elaborado pelo novo Governo Municipal. Em relação ao assunto, asseverando que a
Economia é uma área muito dinâmica, contraditou declarações do Senhor Cristiano
Roberto Tatsch, Secretário Municipal de Fazenda, sobre as condições em que a
gestão do Partido dos Trabalhadores deixou na Prefeitura. O Vereador Ervino
Besson contraditou afirmações do pronunciamento anterior da Vereadora Maria
Celeste, a respeito da possibilidade de ter havido manipulação de dados
econômicos por parte do atual Governo Municipal de Porto Alegre, lembrando a
realização de reunião, na semana passada, com o Prefeito José Fogaça,
Vereadores que o apóiam e Secretários Municipais, na qual a situação das finanças
municipais foi amplamente discutida. O Vereador João Antonio Dib discorreu
acerca dos dezesseis anos de Governo do Partido dos Trabalhadores na Prefeitura
de Porto Alegre, particularmente no que diz respeito ao gerenciamento das
contas municipais. Nesse sentido, criticou a aplicação de recursos públicos em
investimentos bancários, tais como Certificados de Depósito Bancário, e o
não-pagamento da bimestralidade dos funcionários públicos a partir de maio de
dois mil e três. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Antonio Dib, dando
continuidade ao seu pronunciamento em Comunicações, divergiu dos dados
financeiros relativos à disponibilidade bancária da Prefeitura Municipal até o
final de dois mil e quatro, apresentados pelo Governo do Partido dos
Trabalhadores. Ainda, indagou sobre os motivos pelos quais foram deixadas
dívidas para o atual Prefeito, uma vez que, segundo Sua Excelência, havia
superávit no caixa do Município. Em COMUNICAÇÕES, a Vereadora Manuela d'Ávila
reportou-se à questão da Reforma Universitária no País, afirmando que o Governo
Federal vem trabalhando para gerar mais vagas nas universidades públicas,
priorizando o ingresso da população carente, e avaliou estatística de que
noventa e um por cento dos jovens brasileiros não têm acesso a cursos
superiores. Ainda, comentou incidentes ocorridos durante protesto realizado por
estudantes nesta Casa, no dia dezoito de março do corrente. Em PAUTA, Discussão
Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nos
226 e 341/03, 063 e 053/05, o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº
013/03, discutido pelo Vereador Carlos Comassetto, os Projetos de Lei do
Executivo nos 066/04 e 005/05, os Projetos de Lei Complementar do
Legislativo nos 007/05, discutido pelos Vereadores Professor Garcia,
Bernardino Vendruscolo e Raul Carrion, e 008/05, discutido pelos Vereadores
Professor Garcia e Bernardino Vendruscolo; em 2º Sessão, os Projetos de Lei do
Executivo nos 002 e 037/04, discutidos pelos Vereadores João Antonio
Dib e Carlos Comassetto, 041 e 045/04, 049 e 021/03, este discutido pelo
Vereador Carlos Comassetto, os Projetos de Lei do Legislativo nos
038/05, discutido pelo Vereador Raul Carrion, 342/03 e 050/05, o Projeto de Lei
Complementar do Executivo no 014/03, o Projeto de Resolução nº
070/05, em 3ª Sessão, os Projetos de Resolução nos 016, 036 e
068/05, o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 004/05, os Projetos de Lei do
Legislativo nos 048/01, 129/02, 106, 119, 321 e 458/03, 097, 061,
187, 208 e 209/04, 030, 059, 062, 032, 043, 047 e 051/05, o Projeto de Lei
Complementar do Executivo nº 010/04, os Projetos de Lei Complementar do
Legislativo nos 001/00, 005 e 006/05, os Projetos de Lei do
Executivo nos 055/04 e 004/05. Às dezessete horas e trinta e um
minutos, constatada a inexistência de quórum, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando
os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Elói Guimarães, Luiz
Braz e João Carlos Nedel e secretariados pelo Vereador Luiz Braz. Do que eu,
Luiz Braz, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após
distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e
Presidente.
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Sebastião Melo solicita Licença para Tratar
de Interesses Particulares no dia de hoje, 21 de março de 2005. Em votação.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o pedido de licença permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
A Mesa declara empossado o Suplente, Ver. Dr. Raul,
nos termos regimentais, que passará a integrar a Comissão de Saúde e Meio
Ambiente da Casa. O Ver. Dr. Raul assumirá no lugar do Ver. Sebastião Melo.
Solicito ao Ver. Dr. Raul que entregue seu Diploma e a Declaração de Bens a
esta Mesa.
(Procede-se à
entrega do Diploma e da Declaração de Bens.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): Solicito que os presentes, em pé, ouçam o
compromisso que o Ver. Dr. Raul prestará a seguir.
O SR. DR.
RAUL: “Prometo cumprir a Lei Orgânica do Município de Porto Alegre, defender a
autonomia municipal, exercer com honra, lealdade e dedicação o mandato que me
foi conferido pelo povo.” (Palmas.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Dr. Raul está com a palavra para a sua
saudação.
O SR. DR.
RAUL: Boa-tarde a todos. Ver. Elói Guimarães, Presidente da Casa; Ver. Luiz
Braz, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, saúdo todos os presentes
que fazem parte integrante da nossa sociedade, que estão aí, na luta, como
todos nós.
Hoje é um dia
importante em minha vida. Estou subindo mais um degrau com base no esforço e na
perseverança de muitos anos de luta na área da Saúde Pública. Sinto-me
agradecido a todos aqueles que me colocaram, hoje, aqui nesta tribuna: em
especial, minha família; meus amigos, pacientes, companheiros de clube, Petrópolis
Tênis Clube, o qual eu tive a honra de presidir; comunidades onde,
desempenhando o meu trabalho, consegui criar uma amizade, uma parceria. A estas
comunidades eu dedico um abraço especial: comunidades das ilhas do Guaíba, do
Passo das Pedras, da região do Humaitá/Navegantes e do Rubem Berta, entre
outras.
Este ano estou
completando 25 anos na área da Saúde, sempre atendendo na área comunitária
nosso pessoal mais carente na periferia da Cidade. Ainda me recordo, há alguns
anos, quando estava na Vila Areia. Lá atendi vários anos, atendia cerca de 35
pessoas numa manhã, entre idosos, crianças, gestantes, enfim. Diante aquele
posto de saúde, com aquela precariedade de atendimento, com a falta de higiene
que havia na ocasião, ocorreu-me que era momento de eu ter uma atitude política
mais consistente e participar do processo político da nossa Cidade. Desde
então, comecei a participar de movimentos comunitários na área da Saúde.
Presidi o CLIS, atuei na criação do SAMU, atuei junto ao Conselho Municipal da
Saúde de Porto Alegre em várias ocasiões, inclusive na implementação da sua
municipalização.
Hoje eu me
sinto feliz por estar aqui na companhia de todos vocês e aproveito este momento
em que me encontro Vereador de Porto Alegre para protocolar um Projeto sobre um
assunto que muito nos interessa, que é o planejamento familiar na Cidade.
(Palmas.) É um Projeto que, basicamente, vai autorizar e solicitar a criação de
um Centro Integrado de Planejamento Familiar na Cidade de Porto Alegre, onde se
possa, de forma centralizada, desburocratizada e integrada, fazer com que as
pessoas tenham acesso direto e também através da rede de Saúde Pública
Municipal, do ponto de vista terapêutico e de orientação, tanto para aqueles
que têm prole e querem parar com a sua prole, como para aqueles que não têm
prole e que gostariam que o Estado oferecesse condições para que eles possam,
através do que cientificamente hoje se dispõe, vir a ter a sua prole.
Então,
gostaria de contar com o apoio de todos os colegas nessa linha e fico muito
feliz porque estou subindo mais um degrau, espero subir vários outros,
acompanhado sempre, lado a lado, da melhoria da Saúde Pública da nossa Porto
Alegre. Muito obrigado e saúde para todos. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): Passamos à
O Sr. Nestor Nadruz, representando o Conselho dos
Usuários e Moradores do Parque e do Bairro Moinhos de Vento, está com a palavra
para tratar de assunto relativo às Áreas de Interesse Cultural, pelo tempo regimental
de 10 minutos.
O SR. NESTOR
NADRUZ: Sr. Presidente, Elói Guimarães; Sras Vereadoras e Srs.
Vereadores, o Movimento Porto Alegre Vive vem trazer ao conhecimento de V. Exas
como vê as questões urbanas em Porto Alegre. Em razão de algumas notícias que
nos chegam, através da mídia, referentes ao Plano Diretor, as entidades
comunitárias fazem aqui algumas colocações.
O Sr.
Secretário do Planejamento fez uma declaração, no nosso entender, eminentemente
pessoal, quando afirmou o seguinte no Jornal do Comércio do dia 10 de março,
quanto às Áreas Especiais de Interesse Cultural e Ambiental: “É natural que a
nova Administração tenha um outro enfoque, visão ou concepção sobre o assunto”.
Essa posição se concretizará num seminário marcado para o dia 30 de março. O
Secretário diz que quer colher sugestões na comunidade e que a revisão deverá
estar concluída em dez dias após o encontro.
Em primeiro
lugar, temos experiências frustrantes em seminários. Em segundo lugar, o estudo
divulgado em 2003, após quatro anos de trabalho da Secretaria da Cultura da
Administração anterior, será submetido a mudanças e apresentado à comunidade
com revisão em tempo mínimo. Convenhamos, isso é um contra-senso para uma
pessoa que declarou ao Jornal JÁ que tem familiaridade com as questões urbanas.
Quem tem familiaridade com as questões urbanas e conhece a matéria, como os
arquitetos, os urbanistas e outros integrantes do planejamento urbano, não se
expressa assim.
O estudo, que
protege os espaços urbanos da especulação imobiliária, vem ao encontro do
desejo das comunidades, que estão cada vez mais interessadas nas questões
urbanas. O Decreto do Sr. Verle, tão contestado, teve essa precaução. Há
dificuldades políticas para o Sr. Prefeito muito miscigenadas, mas esperamos
prudência e transparência na solução dos conflitos entre comunidades e setores
da construção civil. Todavia, o desconforto se seguiu ao ser anunciado, pelo
Secretário de Planejamento, um grupo de trabalho para a revisão desse estudo,
que, no nosso entender, é desnecessário.
Como
colaboração das entidades à atual Administração e à Câmara, esclarecemos:
durante a vigência da Lei Complementar nº 043/79, ou seja, o primeiro PDDUA,
foram preservadas quarenta áreas funcionais, assim conhecidas, e mantidas no
segundo PDDUA. O estudo do qual aqui se fala reservou mais quarenta áreas para
posterior inclusão no segundo PDDUA, resultando daí o anteprojeto de lei que
foi à Câmara no final do ano passado e que, agora, está desarquivado e foi
recolhido pela nova Administração. As comunidades alertam para que seja mantido
o estudo como foi proposto, até com possíveis ampliações de áreas, e devolvido
à Câmara. Julgamos assim que não se devam anular os feitos e a consciência dos
técnicos, assim como a expectativa das pessoas que não se aliam às questões
partidárias ou contrariam interesses de setores da construção civil - setores
que só visualizam o lucro e alegam a falácia dos empregos. Ao contrário do que
dizem os empresários, esses espaços estarão valorizados porque a ambiência
assegurada tranqüiliza os proprietários quanto às construções elevadas e
indesejadas. Não aceitamos, portanto, novos critérios, como querem os
empresários. A seguir transcrevemos algumas das opiniões abalizadas que
formataram nossa posição.
A arquiteta
Moema Debiagi, hoje supervisora na SPM, em uma análise de sua autoria, como
professora da UFRGS, diz: “O processo contraditório no qual se produz a cidade
capitalista exige, em contrapartida, uma intervenção permanente do Estado,
representado por qualquer dos seus níveis de atuação. Essa ação visa tanto a
minimizar os conflitos como a atender os interesses de alguns grupos sociais.”
Entenda-se aqui grupos sociais, não econômicos.
A Professora
Diane Ghirardo, da Universidade do Sul da Califórnia, diz em seu livro “Arquitetura
Contemporânea”: “Juntamente com a construção de novos prédios, os arquitetos
espanhóis envolveram-se na preservação dos antigos. O súbito ímpeto de
crescimento econômico durante a década de 60 levou à destruição muitos centros
históricos, mas, após a morte de Franco, uma nova atitude e um envolvimento
mais definido dos arquitetos transformaram o campo da preservação.”
Jane Jacobs, em seu livro “Morte e Vida das Grandes
Cidades”, diz o seguinte: “As metrópoles não são apenas maiores que as cidades
pequenas. As metrópoles não são apenas subúrbios mais povoados, diferem das
cidades pequenas e dos subúrbios em aspectos fundamentais, e um deles é que as
cidades grandes estão cheias de desconhecidos. Mesmo morando próximas umas das
outras, as pessoas são desconhecidas e não poderiam deixar de ser, devido ao
enorme número de pessoas numa área geográfica pequena.” Essa mulher
extraordinária deu aí uma lição de gestão urbana a muitos urbanistas,
construtores e políticos. A preservação é para manter as referências, a
memória, como um museu a céu aberto, e suas características morfológicas mesmo
para novas construções sob um regime urbanístico adequado e diferenciado para
proteger as ambiências da cidade contra a não-cidade em andamento aqui,
principalmente nas áreas consolidadas.
Alfredo
Sirkis, Secretário de Urbanismo do Rio de Janeiro, referindo-se às áreas
protegidas do Rio, diz: “Tentou-se subtrair o tecido urbano tradicional por
não-cidades de condomínios ensimesmados, com torres cercadas de grades ou superquadras,
usos segregados, vias expressas, shoppings e uma sufocante dependência
do transporte individual”.
Este será o
caminho de nossa preservação cultural e ambiental, se forem agressivamente
suprimidas e reduzidas por alguns, na esfera pública. Portanto, atenção, Srs.
Vereadores!
Uma nova
questão sobre os projetos especiais: faz-se necessária a reavaliação do
capítulo V, que trata desses projetos, na Lei Complementar nº 434/99, pois são
bolsões construtivos, ocupando áreas de cinco mil metros quadrados ou mais, que
permitem operações concertadas entre Município e empresários da construção
civil. A sociedade só conhecia a proposta quando já estava acordada no Conselho
Municipal, que, ao indicar um relator, este a levava à Região de Planejamento
correspondente e dava conhecimento - conhecimento! - à comunidade do pretendido
projeto. Mesmo com voto contrário na Região, voltava ao Conselho e poderia ser
aprovado, pois a maioria dos Conselheiros tem identidade com setores da
construção civil. Assim era encaminhada a tramitação dos processos na
Administração anterior.
Diga-se ainda
que os projetos especiais, caracterizados na lei, são sempre canalizados a uma
única direção, ou seja, a empreendimentos de grande porte, em especial
residenciais. Agora, o que foi referido acima já enfrenta um novo desafio, pois
estamos diante de uma novidade que é o Decreto nº 14.826, de 2 de março de
2005, anunciado para agilizar a aprovação desse, expondo uma nova rotina geral,
e, ao enunciar o art. 8º, admite a participação comunitária só como ouvintes,
contrariando, em nosso entender, o art. 2º da Lei nº 10.257 - Estatuto da
Cidade, item II -, que instrui: “Gestão democrática por meio da participação da
população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade
na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de
desenvolvimento urbano.” Como se vê, a participação comunitária e efetiva só se
dará em audiência pública e não antes. (§11 do art. 11 do Decreto citado)
Há que se
racionalizarem, com competência, as rotinas públicas. Ademais, é necessário
pesar muito bem obras impactantes, que vão durar, possivelmente, acima de cem
anos, sujeitas a piorar a qualidade de vida das próximas gerações.
Nas zonas
intensivas da Cidade, ocorrem espigões agregados ou, como exemplo, o monstruoso
Projeto Germânia e o da Rua Mário Totta, ou os dezesseis blocos de dez
pavimentos na orla do Guaíba, ao lado do Clube do Professor Gaúcho, ainda em
tramitação na Justiça. O maior efeito é o aumento da densidade populacional ou
a agressão ambiental, que, no último caso, fará a supressão da área
remanescente da Mata Atlântida, conforme assegurou o biólogo Paulo Brack.
Também
conflitantes são as alturas dos prédios, muito discutidas, que têm trazido
desgostos aos moradores, principalmente em áreas tradicionalmente tranqüilas.
Hoje a produção da Cidade não está mais na atitude do cidadão de gerar sua
própria edificação. Essa se transferiu para os investidores, onerando custos à
sociedade e afastando-a do valor das ofertas da especulação imobiliária. Por
isso, não cansamos de dizer que o atual PDDUA é um plano à feição do
empresariado e não do cidadão, traz consigo problemas de sombreamento, umidade,
ventilação, superaquecimento urbano pelo asfaltamento, pela concentração de
veículos; destruição de espaços verdes, prejuízos à infra-estrutura urbana,
como água, luz e esgoto; alagamentos. As comunidades já pagam um alto preço por
ações pelas quais não são responsáveis e vão ter que pagar o conduto da Rua
Álvaro Chaves, a ser iniciado, por exemplo.
Temos de
reverter esse quadro, Sr. Presidente! Queremos Porto Alegre, não São Paulo!
Sabemos tanto quanto o Prefeito do papel das comunidades previsto na legislação
pertinente, desde a Constituição Federal até a Lei Orgânica do Município, que,
por sinal, traz uma sábia advertência, que é o art. 126. Atentem ao que eu vou
dizer (Lê.): “Art. 126: Os interesses da iniciativa privada não podem
sobrepor-se aos da coletividade”. Não se respeita isso!
Finalizando,
eu tenho aqui uma foto, não sei se vocês conseguem ver. (Mostra fotografia.) É
uma foto aérea de Porto Alegre que muita gente não conhece. Porto Alegre é uma
Cidade, como vocês vêem agora, que possui uma monocultura de edifícios. É como
uma monocultura de soja, principalmente a transgênica. Temos aqui uma
transgenia em edifícios na cidade de Porto Alegre. E, daqui para diante, se nós
não fizermos nada, vai piorar essa situação para uma Cidade que tem um quinto
da dimensão de São Paulo e está totalmente cheia, está embutida de edificações,
que só existem para gerar lucro, e as pessoas não têm mais identidade com a sua
Cidade. Temos de reverter esse quadro, digo pela segunda vez. Muito obrigado
pela atenção. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): Convidamos o Sr. Nestor Nadruz a fazer parte da
Mesa.
Nós
gostaríamos de saudar a Verª Clênia Maranhão, que está de aniversário. Receba,
Verª Clênia, a saudação da Casa, desejamos-lhe muita saúde e muitas
felicidades! (Palmas.) Saúde e paz, diz o Ver. João Antonio Dib.
O Ver.
Professor Garcia está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR.
PROFESSOR GARCIA: Prezado Presidente; prezado Dr. Nadruz,
Conselheiro, membro do Movimento Porto Alegre Vive, do Conselho dos Usuários e
Moradores do Parque e do Bairro Moinhos de Vento, ouvi atentamente a sua fala.
O senhor fala que não acredita que a palavra do Secretário deva ser uma palavra
pessoal. Particularmente, eu não acredito também, porque um Secretário tem a
responsabilidade de falar em nome do Governo. Eu acredito que o Secretário,
quando fala, está falando em nome do Governo.
Há alguns
questionamentos que nós temos de fazer, e fazê-los muito bem. Primeiro, haverá
esse seminário no dia 30, e, em dez dias, o senhor sabe muito bem que não se
decide ou, pelo menos, não se deve decidir algo que a Cidade, por tanto tempo,
está combatendo. (Palmas.) O senhor fala da integração dos grupos sociais, e eu
também defendo que os grupos sociais têm de prevalecer sobre o grupo econômico;
portanto, em cima da sua fala, eu também acho que deve prevalecer, sim, a
vontade do povo, no sentido de que as audiências públicas têm de ser
realizadas. E o senhor pode ter certeza de que vai encontrar apoio não só neste
Vereador, mas em inúmeros Vereadores daqui. Parabéns. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª Margarete Moraes está com a palavra, nos
termos do art. 206 do Regimento.
A SRA.
MARGARETE MORAES: Sr. Presidente, Arquiteto Nadruz, falo em nome da
Bancada do Partido dos Trabalhadores. Nós consideramos que é fundamental que
este Governo dê continuidade às iniciativas, às ações do Governo anterior; dê
continuidade a todo o trabalho realizado e desenvolvido nesta Câmara, que tem
obrigação institucional de fazer a análise e de dar a palavra final. Eu creio
que não dá para zerar esse processo, porque exaustivamente a comunidade, os
especialistas, os gestores, os historiadores, os arquitetos, os urbanistas, os
moradores foram ouvidos, foram mais de dois anos com infinitas reuniões e discussões.
Inclusive, a comunidade se conscientizou - são muito bem-vindos a esta Casa - e
se organizou, por intermédio do Movimento Porto Alegre Vive, do Moinhos, do
Menino Deus, conscientes da memória, da história do nosso espaço físico, que
merece preservação.
Portanto, nós,
da Bancada do Partido dos Trabalhadores, posicionamo-nos pela retomada da
Comissão do Plano Diretor nesta Casa, a partir do ponto em que ficaram aqueles
estudos - que foram todos importantes -, e que o Governo devolva esse Projeto.
Enquanto isso, que se mantenha o estudo das Áreas de Interesse Cultural, porque
é sério, teve critérios científicos, internacionalmente comprovados. É essa a
posição de toda a Bancada do Partido dos Trabalhadores, e eu quero dar
boas-vindas a essa comunidade que, mais uma vez, comparece a esta Casa na luta
pela preservação do perfil, da cara, da alma, da poética da cidade de Porto
Alegre, na semana do seu aniversário. (Palmas.)
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra, nos
termos do art. 206 do Regimento.
O SR. JOÃO
ANTONIO DIB: Sr. Presidente, meu caro Arquiteto Nestor Ibrahim Nadruz, tenho a honra
de falar também pela Bancada do PMDB, que assim me solicitou. Sempre entendi
que as leis devem ser cumpridas, todas as leis; se forem injustas, que se as
derroguem. Mas principalmente aqueles que votam e aqueles que sancionam devem
saber o conteúdo da lei e cumprir. Gostei, Arquiteto Nadruz, quando falou em
familiaridade com as questões urbanas. Hoje, para mim, é um momento de muita
satisfação, porque me senti injustiçado quando queria que fosse aprovado por
lei e não por decreto, como aconteceu com S. Exa. o Sr. Prefeito João Verle,
que conhecia a lei, tanto que no dia 25 de novembro de 2003 encaminhou um
Projeto de Lei que submeteu à apreciação dos Vereadores, instituindo Área
Especial de Interesse Cultural, lastreado no art. 92 da Lei Complementar nº
434/99, Plano Diretor, e nós buscamos o embasamento legal para propor o gravame
de Área Especial de Interesse Cultural como solução para o problema. Não
podemos nunca aceitar decreto; agora estamos reclamando um outro decreto. Se
nós cumprirmos sempre a lei, mudaremos no momento em que tiver de ser mudada,
mas, enquanto houver lei, temos de ser claros; juramos cumprir, temos de
cumprir, e não pode ser diferente.
Portanto,
sinto-me tranqüilo lendo esse Projeto de Lei do Prefeito que está na Pauta no
dia de hoje, diz-se claramente que tem de ser através de lei, lastreado no art.
92 do Plano Diretor. Se isso tivesse acontecido, o tema teria sido discutido
amplamente, e nós não teríamos nenhum problema hoje com que nos preocupar. De
qualquer forma, vem pela frente o fórum, o encontro; eu sei que a competência
daqueles que o acompanham vai ajudar a resolver o problema, e nós vamos ter uma
lei, o que é indispensável, não pode ser diferente. Saúde e PAZ! (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. CLÊNIA
MARANHÃO: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, queríamos
saudar, nesta Casa, na tarde de hoje, exatamente na Semana de Porto Alegre, o
Sr. Nestor Nadruz, que é um dos ícones do debate sobre a questão urbana da
nossa Cidade. Eu queria saudar os urbanistas que estão aqui presentes, os
Conselheiros, usuários e moradores do Parque e do bairro Moinhos de Vento, que
nos deram a possibilidade de ouvir a sua posição sobre um tema tão importante.
Evidentemente, trata-se de um tema polêmico, um tema que vai exigir desta Casa
uma participação, uma reflexão e uma escuta do conjunto dos segmentos da
sociedade porto-alegrense envolvidos com esse tema.
Eu queria
dizer a V. Sª que a Prefeitura Municipal de Porto Alegre, na defesa das leis
existentes e na defesa do aprimoramento dessas leis, está iniciando uma série
de diálogos, contando com a participação de vários órgãos da Prefeitura, como a
Secretaria do Meio Ambiente, a Secretaria do Planejamento, a PGE, para que se
inicie um debate a fim de que se possam conhecer com mais profundidade as
contribuições que já foram construídas pelos diversos movimentos da Cidade
referentes a esse tema.
Eu acho que esta Casa deve reconstituir a sua
comissão técnica, que vai contribuir com o conjunto dos Vereadores, fazendo com
que a sua posição, a posição de cada Bancada, seja calcada nos interesses da
Cidade, no conhecimento técnico dos setores que trabalham com esse tema.
(Palmas.)
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Raul Carrion está com a palavra, nos termos
do art. 206 do Regimento.
O SR. RAUL
CARRION: Em primeiro lugar a nossa saudação ao Arquiteto Nadruz, que seguidamente
tem estado nesta Casa, contribuindo com os debates das questões de urbanismo,
em nome de quem saúdo, também, as comunidades que aqui se fazem presentes. Falo
em meu nome, em nome da Verª Manuela - Líder do meu Partido -, dizendo da nossa
solidariedade à sua luta e à luta de inúmeras comunidades em defesa das Áreas
de Interesse Cultural e Histórico da nossa Cidade.
Temos
preocupações, evidentemente, porque é uma nova Administração, e não sabemos se
manterá a orientação de preservação nesse sentido, a anterior Administração
manteve. Aqui na Casa, inúmeros Vereadores que hoje cumprem funções de
responsabilidade no novo Governo foram ardorosos defensores da anulação do
Decreto de preservação, por isso estamos preocupados, assim como as
comunidades. Queria dizer que, na Bancada do PCdoB e certamente em inúmeras
outras Bancadas, encontrarão um apoio sólido e firme para a defesa da nossa
Cidade.
Por fim, como
Presidente da Comissão de Urbanismo Transporte e Habitação e como futuro membro
da Comissão que está sendo montada para estudo do Plano Diretor, estaremos
sempre à disposição para qualquer solicitação da comunidade, seja para uma
reunião da CUTHAB, seja para tratar essa questão na Comissão do Plano Diretor.
E finalizo
dizendo que concordo com V. Sª, no sentido de que as audiências públicas com as
comunidades são uma imposição do Estatuto da Cidade e que deve ter um caráter
não meramente formal, mas decisório, inclusive. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Luiz Braz está com a palavra, nos termos do
art. 206 do Regimento.
O SR. LUIZ
BRAZ: Sr. Presidente, para esta Casa é sempre uma honra receber o Arquiteto
Nadruz, que sempre nos traz luzes para que possamos analisar as questões
relacionadas ao Plano Diretor. Creio não foi correto o que uma das Bancadas
disse, de que não sabe se o Prefeito atual vai cumprir ou não o texto da lei.
Acho que não cabe, realmente, a nenhum de nós manifestar dúvidas desse tipo,
porque, afinal de contas, o Chefe do Executivo já nos deu grandes lições ao
atuar no Senado Federal, ao ser um dos grandes Relatores que nós tivemos em
assuntos ligados à Constituição Federal; nós não podemos colocar duvidas se ele
realmente vai cumprir aquilo que está escrito no Plano Diretor.
O que não é
possível é que tivéssemos aquela seqüência de modificações de Regime
Urbanístico feita através de Decretos. Eu acho que cabe, legitimamente - assim
como está acontecendo agora, neste instante -, as comunidades virem até esta
Casa e discutirem com esta Câmara as alterações ao Plano Diretor. Deve ter
urgência a reinstalação da nossa Comissão que trata do Plano Diretor, para que
possamos ouvir as comunidades e, mediante a audiência das comunidades, fazermos
as alterações necessárias. Agora, não deve acontecer o que se sucedeu na gestão
passada, quando alterações foram feitas mediante Decreto; principalmente quando
se trata de regimes urbanísticos, quando se trata de uma composição naquilo que
está acontecendo na Cidade. Então, somos pela reinstalação da Comissão do Plano
Diretor.
Saudamos de
maneira efusiva esta comissão que vem até aqui para, num primeiro momento,
fazer com que esta Câmara tome consciência das suas funções para alteração do
Plano Diretor. Ao mesmo tempo, queremos convidá-la, tão logo seja instalada a
nova Comissão do Plano Diretor, para que seja uma das primeiras comissões a
serem ouvidas pela Comissão do Plano Diretor. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Ervino Besson está com a palavra, nos termos
do art. 206 do Regimento.
O SR. ERVINO
BESSON: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os
componentes da Mesa e demais presentes.) Em nome da Bancada do PDT, meu caro
Nestor, informo-lhe que, quando eu assumi o outro mandato, um dos primeiros
Pedidos de Informações que fiz ao órgão municipal competente foi no sentido de
um parecer técnico a respeito de todos os assentamentos que o Município tem
feito em Porto Alegre. Até hoje eu não recebi resposta. E vou dizer a V. Sa.
por que eu não recebi: porque não há. Nós queríamos, na nossa Cidade, uma
qualidade de vida melhor para todos. Mas o exemplo tem de partir de casa.
Quando a casa não dá o exemplo, a Cidade não tem a quem obedecer. Eu digo isso
porque eu sei que há assentamentos em Porto Alegre em áreas nobres, de
preservação, onde foi danificado o meio ambiente, e ali construíram planos
habitacionais, onde não seria o local adequado. É por isso que eu não recebi
resposta até hoje - já terminou o meu mandato de quatro anos, estou iniciando
outro - desse PI que fiz ao órgão competente, porque não havia o que me
informar, porque foi feito tudo ao deus-dará. O exemplo deve partir de casa. Se
nós queremos uma Cidade com qualidade de vida melhor para todos, os órgãos
competentes têm de dar o exemplo, senão a população vai obedecer a quem?
Agradeço a V.
Sª a sua presença nesta Casa, e, sem dúvida nenhuma, a Bancada do PDT apoiará
aquilo que for bom para a Cidade. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): Queremos cumprimentar e saudar a comunidade dos
moradores do bairro Moinhos de Vento, queremos saudar o Arquiteto Nestor
Nadruz, homem experiente, arquiteto de largo conhecimento da problemática que
envolve a Cidade. Possivelmente amanhã começará a tramitar o Projeto de
Resolução, criando, Dr. Nestor, a Comissão do Plano Diretor, quando se
iniciarão os trabalhos nesta Casa, com vista a provocarmos as alterações que se
fazem necessárias e imprescindíveis. Nós faremos todos os esforços para que
tenhamos, neste ano, uma solução para todas essas questões que estão pendentes
de alteração. Portanto, recebam, a comunidade e V.Sa., mais uma vez, os
cumprimentos.
Estão
suspensos os trabalhos para as despedidas.
(Suspendem-se os trabalhos às 14h49min.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães - 14h52min): Estão reabertos os trabalhos.
O SR. ADELI
SELL (Requerimento): Sr. Presidente, com base no art. 94, letra f, do
nosso Regimento Interno, gostaria de solicitar a V. Exª um tempo de cinco
minutos para uma manifestação acerca de incidentes que envolveram a Comissão de
Educação na última sexta-feira.
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): Vou deferir a V. Exª, tão logo eu utilize o Tempo
de Presidente.
(O Ver. Luiz
Braz assume a Presidência dos trabalhos.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra
em Tempo de Presidente.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Ver. Luiz Braz, em exercício na
Presidência, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, senhores funcionários
da Casa, senhores e senhoras, falar desta Casa, da sua história, da sua
tradição, da sua representatividade, da sua legitimidade entre nós - frise-se -
é, por assim dizer, “chover no molhado”, Ver. Dr. Raul, que está chegando à
Casa. Esta Casa tem uma história muito bonita, uma história na defesa da
liberdade, foi um instrumento importante na redemocratização do País, tem sido
aberta a todos os movimentos sociais, culturais, políticos. É uma Casa que
recebe todos, senhores, senhoras, jovens que trazem para cá os seus pleitos, as
suas manifestações, trazem mecanismos de expressões através de suas comissões,
através da Tribuna Popular. Tantos quantos aqui solicitaram espaços para os
seus propósitos, para suas manifestações, receberam desta Casa, sempre, o
aporte necessário para que manifestassem seus pensamentos.
Então, a Casa, a Câmara Municipal de
Porto Alegre, quando o Município está na semana dos seus 233 anos, registra um
crédito perante a sociedade porto-alegrense, o povo de Porto Alegre, entidades
que vêm à Casa, entidades artísticas expondo aqui, artistas plásticos,
homenagens que se fazem na Casa, cidadanias são concedidas aos que lutam de
forma desbravada para o desenvolvimento da Cidade. Esta é a Câmara
Municipal de Porto Alegre, legítima representante da vontade popular.
O SR.
PRESIDENTE (Luiz Braz): Sr. Elói Guimarães, vou pedir que se faça silêncio
na Casa, para que possamos ouvir o seu pronunciamento. Gostaria de pedir à
segurança da Casa que alertasse os presentes. Peço silêncio! Não se pode
conversar no plenário, temos de ouvir o orador na tribuna.
O SR. ELÓI
GUIMARÃES: Sr. Presidente, quanto a mim não há nenhum problema, eu penso falar para
os Anais, penso falar...
Fiz esse
preâmbulo exatamente para mostrar que esta é a Casa da democracia, que não tem
fuzis, nem baionetas, não, mas tem uma autoridade muito forte e muito grande
que é a autoridade da lei, a lei, os seus regimentos, as suas normas, os seus
procedimentos. Toda vez que se fere essas disposições, nós estamos ferindo a
democracia, estamos agredindo o seu povo, mormente uma Casa que lutou, durante
muitos e muitos anos, para reconquistar a democracia, para que pudéssemos
caminhar nas ruas, fazer os nossos protestos. Falo de tantos e tantos
Vereadores, como este Vereador que participou talvez de todas as grandes
passeatas. Estivemos em grandes passeatas, estivemos em grandes comícios,
tivemos atitudes bastante firmes, mas jamais atentamos contra as pessoas e
contra o patrimônio. Nós agimos nos esquadros da lei, e essa foi a grande
razão, na minha opinião, da redemocratização, porque chegou o momento em que a
razão, com os seus defensores, mostrava ao País que nós tínhamos de voltar à
democracia. E esta Casa teve um papel relevantíssimo.
Eu quero dizer
e quero dar a dimensão que o problema tem, não vamos fazer aqui alardes,
absolutamente, não, mas não ficou bem, a sociedade não gostou, e a população
repudiou a forma, a maneira como se invadiu a Casa, como se adentrou à Casa a manu
militar, pois basta requerer. Aliás, esse núcleo que lidera esse movimento
político-estudantil, e não estudantil-político, esteve aqui um dia antes,
reuniu-se com a Comissão de Educação. Então, bastava simplesmente, Srs.
Vereadores e Sras. Vereadoras, solicitar: “Precisamos do plenário para fazer
todos os protestos a que nós temos direito”. Perfeito, a Casa permite, pois concede
a todos. Esta é a Casa do Povo!
Agora, o que
se viu, lamentavelmente, não conta para a democracia. Eu estava fora, assistia
a uma palestra da jornalista Ana Amélia Lemos, lá me encontrava e desliguei o
celular, evidentemente. Quando cheguei à Casa, este Plenário Otávio Rocha
estava transformado em um circo, era um picadeiro, com algazarras, palavras de
baixo calão, mas não havia necessidade daquilo. Podem vir à Casa, podem
utilizar o Plenário Otávio Rocha, fazer os seus protestos, dizer as suas verdades,
podem vir à Casa atacar os Srs. Vereadores na forma da lei, na forma do
Regimento! Podem vir à Casa, há os seus espaços, aliás, isto aqui é do povo.
Este é patrimônio do povo, foi construído pelo suor dos trabalhadores, este
patrimônio nós vamos preservar.
Nós temos de
preservar as prerrogativas democráticas da Casa sob pena de movimentos com esse
conteúdo instigarem o que nós não queremos, que são as ditaduras. Então houve
todos esses episódios. Quando saíram, tomaram um ônibus da CARRIS aqui na frente,
saltaram roleta, desceu o cobrador, desceu o motorista, e por aí se vai. Não há
necessidade disso, de um movimento com essa estratégia. E mais: eu não vi
bandeiras de entidades estudantis, não vi bandeira da UMESPA, não vi bandeira
da UNE; eu vi bandeiras políticas. Mas, afinal, que movimento é esse, com
bandeiras políticas de Partido A, de Partido B?
Essa algazarra
fez do Plenário Otávio Rocha um picadeiro - a parte central do circo em que os
artistas e palhaços se apresentam -, e disso resultou, conforme levantamento,
em danos aqui, mas os danos materiais são os menores, não significam nada,
absolutamente nada! O dano maior, este sim, foi à liberdade, e a democracia se
assenta na liberdade e na lei. Foi a lei que foi ferida; o instrumento que
sustenta a democracia é que foi ferido. Isso, sim, nos assusta, não são os
danos aqui, computador ali, as mesas ali, se subiram em cima da mesa, se
cuspiram na mesa, na cadeira, isso não nos assusta tanto. O que nos assusta
mais, sim, exatamente, é a quebra do princípio da legalidade, construída ao
longo do tempo, com muito suor e muito sangue. Então, quando nós vemos avançar
situações dessa natureza, nós temos de parar e pensar. Claro que são muitos
estudantes, muitas crianças de catorze, quinze anos, muitas delas foram
chamadas para uma passeata e não para agredir, não para danificar.
Fica esta
nossa manifestação aqui para dizer que temos o dever de defender a Casa e o
faremos a qualquer preço! A qualquer preço! Os protestos são válidos, as
passeatas são válidas, os movimentos, os comícios, isso é democracia, só que a
democracia se faz na forma da lei. Ide ao Primeiro Mundo e vide como se dá a
democracia nesses Países; quando alguém toca fogo em um ônibus, interrompe a
pista, vai lá a Polícia e retira. Sim, isso é democracia! Quando alguém agride,
é detido, é contido! Isso é democracia! Então, a democracia não é o que se está
observando.
Infelizmente,
em determinado momento, tivemos um caso muito grave, todos sabem, lá no
Município de Sarandi, grave, sim, gravíssimo, quando um meio de comunicação
estava fazendo uma cobertura - nem a favor, nem contra, mas tem o direito de
ter opinião -, e, de repente, um carro é incendiado, os jornalistas fogem, e
máquinas são quebradas! Isso nós já conhecemos, “histórias dos cabos anselmo”.
Para encerrar,
gostaria de dizer que acho que o assunto está superado.
Agora, os
estudantes, alguns estudantes... Dizem que são os estudantes de Porto Alegre...
Não! Não. O movimento político-estudantil que até não esconde a sua identidade,
com bandeiras políticas, partidárias, ideológicas... Alguém viu uma bandeira da
UMESPA? Alguém viu uma bandeira da UNE? Alguém viu alguma bandeira de alguma
escola, A, B ou C? Ninguém as viu. Foram vistas bandeiras partidárias!
Ideológicas!
Temos de pensar seriamente. Os movimentos sociais
têm o nosso irrestrito apoio, mas eles têm de ser feitos na forma da lei! Do
contrário, cedo ou tarde, abrir-se-ão espaços para as baionetas. Sim, porque a
ordem tem de ser mantida. Ou temos dúvidas? Por acaso o Estado se mantém a
toque de poesia? Não! Absolutamente, não!
Então, fica
aqui a nossa manifestação no sentido de lamentar os acontecimentos. Essas
coisas não podem ocorrer, mormente numa instituição como a Câmara de Porto
Alegre! Instituição boa! A Câmara é boa! É amiga! É amiga da Cidade, é amiga de
todos! Todos aqui vêm, fazem os seus discursos, organizam seus protestos,
expõem as suas idéias, e a Casa sempre concede espaço! Basta pedi-lo!
Bastaria esse
movimento... Interessante... Vejam, eu chamo a atenção para este dado:
estiveram no dia anterior aqui, mas precisavam criar o quê? Olhem, nós
conhecemos as coisas...! Não seria necessário criar esse estrépito dessa forma
como foi criado! Portanto, fica aqui a nossa manifestação para lamentar, como
cidadão, esses acontecimentos. E gostaríamos de dizer que não podemos permitir
que acontecimentos como esses continuem. Muitos jovens precisam ser chamados
para ouvir: “Olhem, essa estratégia é equivocada. Essa estratégia pode nos
levar para uma noite de muitas invernias”. Obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
(O Sr. Elói
Guimarães reassume a presidência dos trabalhos.)
O SR.
PRESIDENTE (Eloi Guimarães): O Ver. Adeli Sell está com a palavra em Tempo
Especial.
O SR. ADELI
SELL: Sr. Presidente, meu caro Ver. Elói Guimarães; colegas Vereadoras,
Vereadores, senhoras, senhores, eu fiz esta solicitação, Sr. Presidente, e
agradeço que V. Exª tenha imediatamente nos colocado à disposição este tempo
para explicar os incidentes ocorridos aqui na sexta-feira passada.
Quando nós
fomos instados, na Comissão, a debater a questão das passagens, principalmente
por parte dos estudantes, tivemos o cuidado de nos reportar à Comissão de
Urbanização, Transportes e Habitação e, como convidados, participamos do
primeiro debate sobre esse tema. Depois eu soube, inclusive, que alguns
estudantes estiveram na Comissão de Cidadania e Direitos Humanos, depois dos
incidentes da semana passada. Na sexta-feira, como nós estamos realizando todas
as sextas-feiras reuniões inclusive extraordinárias da Comissão de Educação,
pelo volume de exigências, de pedidos, solicitações que nos chegam, nós
estávamos para iniciar a reunião quando os estudantes para cá vieram. Um grupo
estava aqui na Casa solicitando aos Vereadores pronunciamento e opinião sobre
as suas demandas, e nós, diante do clima que foi criado, resolvemos atendê-los,
e o fizemos aqui, inclusive, Sr. Presidente, com muitos xingamentos contra nós,
contra os Vereadores que estavam sentados à mesa, onde V. Exª está. Não temos
concordância em relação à forma, ao linguajar, inclusive às acusações que
fizeram à Casa, aos Vereadores da Comissão.
A demanda que
tinha sido solicitada a respeito de uma nova reunião com a Prefeitura, com a
EPTC, nós conseguimos, porque vimos, aqui, o representante da Prefeitura e
solicitamos que ele fizesse um contato com a EPTC, e a EPTC, às 11h30min,
concedeu uma agenda, agenda que os estudantes, aqui, solicitavam. E para lá nós
fomos. Decidimos que seriam cinco estudantes, depois vieram sete estudantes na
Comissão, e a EPTC, por intermédio de seu Secretário-Diretor, Luiz Afonso
Senna, e do Secretário de Gestão, Clóvis Magalhães, não colocou nenhum óbice,
pelo contrário, deixou os sete estudantes participarem da reunião conosco,
Vereadores da Comissão. Estavam lá a Verª Manuela, a Verª Sofia Cavedon, este
Vereador, uma representação da Verª Neuza Canabarro e a Verª Mônica Leal.
Mantivemos uma conversa sobre os procedimentos, foi colocado um conjunto de
explicações, e os estudantes insistiam numa agenda com o Sr. Prefeito, ao que o
Secretário Clóvis Magalhães respondeu que, assim que o clima amainasse, poderia
ser feita essa discussão com a Secretaria, poderia haver essa agenda com o Sr.
Prefeito.
Eu estou
fazendo os relatos, aqui, tais quais aconteceram. Os excessos de linguagem, de
bateção, de bandeiraço, etc. e tal, eu presenciei. Eu não presenciei, Sr.
Presidente, alguma danificação, porque saí.
Em seguida
pedi que a Assessora da Comissão mais uma pessoa do meu gabinete e outra do
gabinete da Verª Manuela acompanhassem aqui, mas não puderam acompanhar ou não
as deixaram acompanhar, o que eu estranhei, porque isso não é correto. Não vou
entrar nesse assunto aqui, nesse debate, porque não sou afeito a esse tipo de
bate-boca. Estou apenas registrando as coisas como elas aconteceram. Nós temos
os procedimentos - e eu quero ser breve na minha intervenção, não quero
importunar a vida de ninguém -, nós temos aceitado todas as agendas que nos
trazem. Inclusive houve debates acalorados, dias atrás, sobre a questão dos
Ciclos. Um novo pedido da Verª Neuza vai fazer com que a gente realize, meu
caro Presidente, um seminário de um dia inteiro sobre esse tema, e outros temas
estão vindo para esta Comissão, temas esses os mais variados possíveis. Só a
Secretaria da Educação, para o senhor ter uma idéia, em sete semanas, esteve
três vezes na Comissão, sem nenhum problema, com tudo acertado.
Estamos
discutindo, podemos ter divergências, e as teremos. O Presidente, pelo que me
cabe aqui, não precisa fazer nenhuma polêmica sobre as diferenças que existem
na Comissão. O Ver. Haroldo de Souza e eu podemos ter posições diferentes sobre
alguns temas. Posso ter divergências com qualquer outro colega, no entanto, eu,
como Presidente da Comissão, farei com que as demandas sejam ouvidas e
devidamente encaminhadas. Eu, como Vereador, vou ter opinião sobre os temas.
Agora, zelarei pelo cumprimento do Regimento Interno com relação ao que deve
fazer a Comissão de Educação. Com referência a temas que tenham uma área
relacionada a outras Comissões, tentarei fazer reuniões conjuntas. Não usarei
jamais a Comissão para fazer qualquer disputa político-partidária, porque é uma
Comissão técnica por essência, mas também não sou idiota, e ninguém é idiota
aqui, sabemos que é uma Comissão política, porque esta é uma Casa política,
como se costuma dizer, e, portanto, eu deixo aqui registrados esses fatos.
Divergências haverá entre nós, nós as analisaremos, e eu tenho a convicção de
que manterei a tranqüilidade nas nossas reuniões por mais agendas que haja.
Permito-me, no debate político, ter as opiniões que eu acho que devo ter,
inclusive sobre as demandas que aqui foram colocadas.
Até para
concluir, Sr. Presidente, um dos grupos que aqui demandava agenda acabou não
participando da agenda com a EPTC. São coisas da política, são coisas da vida.
E eu também já fui líder de muitos movimentos sociais, não fiquei intimidado
diante das ameaças que aqui foram feitas, do bate-boca, da gritaria, porque a
minha experiência me diz o seguinte: é preciso dialogar, é preciso esgotar todas
as possibilidades que existem para que não haja confrontos entre as partes. Foi
isso que eu tentei fazer para o bem da cidade de Porto Alegre, pela democracia,
e eu não arredarei um pé sequer da luta democrática, pois eu me criei nesse
viés da sociedade e participei de alguns gloriosos movimentos dos quais me
orgulho de ter participado. Acho que, graças a isso, nós estamos aqui nesta
Casa fazendo leis, fiscalizando o Poder Público, e continuaremos nessa trilha,
porque a democracia é um valor universal. Nada nos tirará desse caminho. Muito
obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): Quero fazer a leitura de um e-mail recebido
pela Assessoria de Imprensa da Câmara, enviado pelo Irmão Firmino Biazus,
Diretor do Colégio Marista Rosário. (Lê): “Sr. Presidente, entendo que os
estudantes possam demonstrar seu desagrado quando não concordam com alguma
medida que os atinja, mas repudio profundamente que haja depredação do bem
público, patrimônio do povo. Solidarizo-me com a Presidência da Câmara e faço
votos que atitudes como essas não se repitam. Temos ainda muito a ensinar aos
jovens, que sejam democráticos mas não vândalos. Abraços, Irmão Firmino Biazus,
Diretor.”
Passamos ao
O Ver. Luiz
Braz está com a palavra em Grande Expediente.
O SR. LUIZ
BRAZ: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Srs. Vereadores e Sras
Vereadoras, eu tenho certeza de que a maioria dos Srs. Vereadores e das Sras
Vereadoras não conhecem os estragos que foram feitos neste plenário, nesta Casa,
com as invasões na última sexta-feira.
Com absoluta
certeza, todos nós, Vereadores - e eu faço isso já há bastante tempo -, devemos
zelar por este patrimônio e principalmente por aquilo que acontece neste
plenário. Este plenário é o local mais sagrado que nós temos para defender a
democracia. Aqui nós não podemos permitir que atos como aqueles ocorridos na
última sexta-feira aconteçam.
Vejam só os
danos patrimoniais que foram levantados pela Seção de Atendimento a Vereadores
e Bancadas (Lê.): “1- Faltaram algumas teclas de qualidade de votação nos
terminais de nº patrimonial 13784, 13755, 13781, 13783 e 13768; 2 - Bancadas de
plenário de nº patrimonial 14493 e 14492 foram quebradas; 3 - Plugue do teclado
do microcomputador do Setor de Atas danificado; 4 - Retirada do acabamento de
madeira (dois sarrafos) dos protetores laterais da escada de acesso na galeria
esquerda no sentido de entrada do plenário.”
Eu acho que
protestos todos nós sentimos vontade de fazer quando nos sentimos atingidos em
nosso direito. O grande problema está, Ver. Haroldo, nos limites que devem ser
colocados a esses protestos. Quando os estudantes invadiram este plenário, eles
não arrebentaram a porta, eles não quebraram fechaduras, eles entraram aqui
neste plenário, que é o local mais sagrado que temos para a defesa da
democracia, porque alguém permitiu. E eu acredito que os responsáveis por essa
invasão, aquelas pessoas que permitiram que este plenário fosse invadido e
danificado, devem ser responsabilizados, porque, afinal de contas, o que
aconteceu foi a danificação de um bem público. E, quando estamos falando em
patrimônio público... Vereador-Presidente, ouvi aqui V. Exª dizer desta tribuna
que a questão estava encerrada, desculpe-me, mas como faço parte da Mesa
também, Sr. Presidente, ouso discordar da opinião de Vossa Excelência. Acredito
que a questão não pode estar encerrada porque se trata de um prejuízo praticado
contra o patrimônio público, e, se é assim, Sr. Presidente, eu acho que é de
ofício V. Exª mandar fazer uma sindicância para saber quem são os responsáveis
pelos prejuízos contra o patrimônio público. Esses responsáveis devem pagar por
esse prejuízo, porque senão é toda a população que paga pelo prejuízo, que tem
responsáveis. Quais são? Eu não sei. Uma sindicância vai saber, uma sindicância
vai fazer esse levantamento. Quem é que mandou? Quem é que deu a ordem para que
os estudantes pudessem entrar aqui e fazer a danificação?
Aliás, quando
se fala em estudantes, eu vou colocar aqui um entre aspas, porque, afinal de contas,
todos aqueles jovens que invadiram este plenário e todos aqueles jovens que
faziam aquele protesto não estavam falando com o seu próprio coração, com seu
próprio espírito, eles estavam sendo guiados por algumas lideranças, às quais
interessava usar aqueles jovens como massa de manobra. Nós sabemos que alguns
Partidos ligados à extrema esquerda - é caso do PCO e do PSTU - invadem as
escolas e pregam para esses jovens, ainda sem ter a possibilidade de analisar
bem as suas opiniões, a extrema violência. Chamam esses jovens para passeatas,
e, nessas passeatas, muitas vezes nós vemos esses jovens portando bebidas
alcoólicas e muitas vezes drogas. E são esses jovens que vão ser utilizados,
através dessas lideranças, como massa de manobra, eles vêm até às instituições,
como o caso da Câmara Municipal, ou usam o coquetel molotov, como aconteceu na
semana passada, para incendiarem um dos ônibus, também patrimônio público.
E o que nós
ouvimos de uma das grandes lideranças de um desses Partidos que eu citei aqui
na tribuna? A Srª Vera Guasso, Presidente - se não me engano - do PSTU, disse
assim: ”Este jovem que atirou o coquetel molotov contra o ônibus está exercendo
o seu real direito de protestar”. Imaginem se isso for verdade, se para
protestar nós podemos usar essa violência, todos nós, que estamos nos mantendo
nos limites da lei, vamos começar também a nos sentir no direito de extrapolar
esses limites, porque, afinal de contas, nós estamos nos sentindo atingidos por
causa desse direito ou real direito de protestar, que são defendidos pelas
extremas esquerdas. Daqui a pouquinho, outros grupos vão ser armados para fazer
um contraprotesto. E aí, Ver. Haroldo, nós também temos que defender o direito
de as outras pessoas fazerem o contraprotesto. Vai ser uma violência que eu
acredito que não vai servir para ninguém nesta Cidade.
Então, penso
que o mais certo seria, em primeiro lugar, as autoridades constituídas,
responsáveis pela área de segurança pública, acompanharem de perto, Ver. Dr.
Goulart, a invasão de algumas dessas lideranças de extremíssima esquerda dentro
das escolas, para pregar violência para os nossos jovens. Esses nossos jovens
estão praticando essa violência exatamente porque estão sendo orientados,
somente porque estão sendo orientados. Se eles fossem orientados de uma outra
forma, para que agissem de uma outra forma, com certeza absoluta, eles não
estariam agindo assim. Mas servem essas correntes radicais de esquerda, para
que as coisas aconteçam dessa forma.
Eu só não
quero ter a tristeza de um dia acompanhar essas lideranças radicais de esquerda
tomando aqui, em nosso território, o sagrado solo brasileiro, medidas como
aquelas que foram aplaudidas por essas pessoas, por aquele que lidera a
Venezuela: prender por quatro a oito anos pessoas que interrompam o tráfico nas
ruas; prisão também para as pessoas que falem contra a presidência da
República. Sabem quem fez isso? O tirano Chávez, lá da Venezuela. E é esse
tirano Chávez que veio a Porto Alegre e foi amplamente aplaudido pelo PT e por
essas correntes de esquerda que hoje infernizam a nossa Cidade.
Eu não sei por
que aqueles agrupamentos que fazem a parte sadia da nossa sociedade não
procuram a Câmara para que possamos fazer um outro tipo de discussão. Por
exemplo, por que a tarifa está alta? E uma das respostas que encontraríamos é
que a tarifa está alta porque algum daqueles estudantes, alguns daqueles que
invadiram aqui este plenário, portando tênis de boa qualidade e celulares,
muitos daqueles estudantes não precisam da meia tarifa, não precisam! Poderiam
pagar a tarifa integral, mas, porque eles pagam a meia tarifa, acabam
sacrificando os operários que não têm como fugir da tarifa inteira, acabam
sendo eles os punidos, as donas de casa, os desempregados. Muitos desses que
invadiram este plenário não precisavam da meia tarifa. Por causa dessa meia
tarifa e de outras isenções é que nós vemos, muitas e muitas vezes, a tarifa do
transporte coletivo nos níveis em que se encontra.
Para concluir,
Sr. Presidente, eu peço a V. Exª que não abra mão do seu direito de determinar
uma sindicância para fazer a avaliação dos danos - o que V. Exª já fez - e para
responsabilizar os culpados, a fim de que eles paguem o prejuízo, não deixando
toda a sociedade pagar pelo prejuízo que foi causado apenas por alguns!
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Ervino Besson está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. ERVINO
BESSON: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Srs. Vereadores, Sras
Vereadoras, senhoras e senhores que nos acompanham nas galerias e, também, pela
TVCâmara, queria saudar a todos.
Eu tenho dito,
muitas vezes, nesta tribuna, e vou repetir quantas vezes for necessário, da
minha contrariedade quanto às invasões e quebra-quebra. A Reforma Agrária, a
verdadeira Reforma Agrária, democrática e autêntica, foi feita pelo nosso
sempre lembrado e querido Governador Leonel Brizola. Agora, as invasões estão
acontecendo às propriedades, e a nossa Constituição é claríssima no que diz
respeito ao direito de propriedade. Há um grupo que não respeita isso e as está
depredando; eles invadem propriedades produtivas, arrancam as plantações,
enfim, tudo aquilo que vocês acompanham e sabem. Há poucos dias, a liberdade de
imprensa foi atacada, um veículo foi queimado, assim como todo aquele material
que é usado pelos jornalistas. Mas nós, que somos gente de bem, em alguns
momentos durante o dia, talvez, em alguns minutos, à noite, temos de parar um
pouco e pensar sobre o que está acontecendo neste País. O que se está
preparando por trás disso? Eu nunca esperava assistir ao que aconteceu nesta
Casa na última sexta-feira. O grupo de estudantes que estava chefiando essa
invasão foi o que esteve aqui na quinta-feira, com o qual nós combinamos que
eles seriam recebidos na Comissão, democraticamente, tranqüilamente; esses
estavam liderando esse movimento.
Eu confesso,
meus caros colegas Vereadores e Vereadoras, que, ao entrar neste plenário na
sexta-feira, juntamente com meu colega Ver. Haroldo de Souza - um homem que
viajou o mundo transmitindo o nosso esporte mais popular... O Vereador ficou
estarrecido, e eu, da mesma forma, fiquei estarrecido ao assistir o que estava
acontecendo. Inclusive havia um estudante que tirou o skate, meu caro
Ver. Ibsen Pinheiro - V. Exª ocupou um cargo dos mais altos deste nosso País no
Governo Federal, defendendo a democracia -, e queria ocupar a mesa dos
funcionários da Casa para andar de skate em cima dessa mesa. Ora, minha
gente, este Parlamento, como foi dito pelo Ver. Luiz Braz, tem a
responsabilidade de defender a nossa democracia. Essas poltronas em que muitos
dos Srs. Vereadores e Sras Vereadoras estão sentados foram cuspidas,
inclusive com catarro. Ali senta um Vereador que foi escolhido democraticamente
por uma parcela da população desta Cidade. A Cidade foi atingida. O patrimônio
público foi atingido, foi danificado, e é um patrimônio da Cidade.
Meu caro
colega Ver. Elói Guimarães, Presidente desta Casa, esta Casa tem uma direção
suprapartidária que foi escolhida unânime e democraticamente por todos os Srs.
Vereadores e Sras Vereadoras. Se nós temos aqui uma Mesa Diretora,
no mínimo, esta Mesa Diretora tem de ser respeitada. Num ato como esse que
aconteceu na sexta-feira - havia nesta Casa pessoas que pertencem à Mesa
Diretora -, no mínimo, tinha que ser consultada a nossa Mesa Diretora para
verificar se concordavam ou não com que a Casa e o plenário fossem abertos. A
Casa foi aberta não para ouvir os estudantes, aquilo foi uma invasão, porque o
estudante, quando vem reivindicar algo, vem de uma forma diferenciada. Não foi
o que aconteceu na sexta-feira. Eu aprendi - nós temos aqui diversos educadores
e educadoras - desde o primário que democracia, meu caro Presidente, é uma
coisa, e anarquia é outra coisa. Será que esses estudantes não aprenderam a
diferenciar democracia de anarquia?
Portanto, há
algo por trás disso. Perdoem-me, colegas Vereadores e Vereadoras, meu caro
Presidente, algo está acontecendo, acho que nem esta Casa, nem qualquer
Parlamento gostaria de pensar coisas estranhas. Mas, como cidadão desta Cidade,
talvez tenha de pensar algo diferenciado. Movimentos como estão acontecendo,
invasões de terra, liberdade de imprensa truncada, essa invasão aqui na Câmara,
tudo isso me preocupa. Sinceramente, estou preocupado. Nós temos
responsabilidade com esta Cidade, porque fomos eleitos para isso. Portanto, meu
caro Presidente, vou na mesma linha do Ver. Luiz Braz: acho que esse episódio
não se encerrou aqui, porque alguma coisa de mais grave - queira Deus que não!
- está se preparando, e creio que esta Cidade, este nosso País não merecem
retomar esse caminho que está se preparando. Muito obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Elias Vidal está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. ELIAS
VIDAL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, é com muita
alegria que venho a esta tribuna para falar de um projeto que está sendo um
sucesso, de uma idéia de um jovem, de uma idéia que está salvando vidas, que é
o projeto da Campanha de Doação de Sangue. Eu tomei conhecimento desse projeto
quando estava na cidade de Ijuí e vi, pela primeira vez, um folheto sobre essa
Campanha. (Mostra folheto.) Vocês estão vendo uma cruz e, no braço da cruz, em
vez de ser o braço de Jesus, uma bolsa hospitalar de sangue; que idéia
fantástica! E essa idéia surgiu num bate-papo, numa conversa informal de alguns
jovens adventistas no pátio da igreja. Mas é uma campanha não só para a igreja
adventista, é para toda a sociedade. Essa campanha começou lentamente e foi num
crescendo, num crescendo, sob a coordenação do Pastor Odailson. A campanha
iniciou aqui, em solo gaúcho, e já se espalhou pelos Estados de Santa Catarina,
Paraná; está no Hospital Silvestre, no Rio de Janeiro; no Hospital do Pênfigo,
no Mato Grosso; está-se espalhando essa idéia. Olha que idéia fantástica!
Fala-se tanto nos jovens, que usam drogas, que participam de violência, mas
a idéia desse jovem foi tão boa que outros se contagiaram, e a idéia se
propagou.
E agora a
juventude adventista participa mesclada com outros jovens. E este Vereador usou
um pouco da sua influência, e não fez mais do que a sua obrigação, pois todos
nós, Vereadores, deveríamos ser facilitadores das boas idéias - e essa
realmente é uma boa idéia - junto aos veículos de comunicação, ao Legislativo
Municipal e Estadual, ao Executivo Municipal e Estadual, com suas fundações,
autarquias, com seus apoios.
A Câmara de
Vereadores, na pessoa do nosso Presidente Elói Guimarães, no meio da semana, se
não me falha a memória, na quinta-feira, num dia de muita chuva, junto com
trinta jovens, com duas Kombis aqui da Câmara, compareceu ao Hemocentro. Foi
realmente muito lindo, Ver. Dr. Goulart, ver a juventude doando sangue.
Hoje pela
manhã, a direção do Hospital Conceição pediu perdão e disse: “Por favor, parem
de doar sangue, não temos mais como estocá-lo.” Olha que coisa maravilhosa,
Ver. Dr. Goulart! Que coisa maravilhosa! Nesse sábado, quinhentos jovens doaram
sangue aqui na Grande Porto Alegre, aqui na volta - quinhentos jovens! A correspondência
eletrônica do Projeto é www.projetomaisvida.com.br, lá há todas as informações de como se cadastrar. A meta
seria chegar a mil doadores, e já passamos disso. Telefonei há pouco para o
coordenador, Pastor Odailson, e ele me informou que já estamos na casa dos
1.270 doadores. Na Internet, 6.600 pessoas acessaram para ter maiores
informações.
Nesta
semana, que é a Semana da Paixão, o sangue na cruz tem toda uma simbologia no
mundo cristão, Ver. Nedel - o senhor que é um homem religioso, um homem cristão
-, toda a comunidade cristã comemora a Paixão de Cristo, o sangue tem toda uma
simbologia de salvação, de vida eterna. O sangue humano também pode dar vida, e
nisso também há um pouco de divino, pois uma pessoa pode prolongar a vida de
outra doando um pouco de si, um pouco de seu sangue.
E os senhores
como médicos... Há três médicos aqui nesta Casa Legislativa, e, no dia de hoje,
o Ver. Dr. Raul se faz presente aqui conosco; seja bem-vindo, está assumindo
hoje, é uma honra para nós ter o senhor aqui, como médico.
Eu fico muito feliz em saber também que a imprensa
deu cobertura, tenho aqui a relação: TVE, TV Pampa, Bibo Nunes, Canal 20 da
NET, TV Bandeirantes, TV Guaíba, RBS TV, jornal Correio do Povo, jornal Zero
Hora, jornal O Sul, TVCâmara - que não podia ficar de fora - e a TV Assembléia.
Cinqüenta
ônibus estão rodando pela Cidade com aquele banner, e há mais dez outdoors
e trinta pontos luminosos. A gente fica feliz quando vê pessoas se mobilizando
e contando com o apoio das autoridades, autoridades essas que já relatamos,
tanto na esfera municipal, quanto na esfera estadual, tanto no Legislativo
quanto no Executivo.
Fico feliz e quero parabenizar os jovens
adventistas, dizer que foi uma boa idéia; essa não é uma idéia que é voltada
para o segmento adventista, mas que surgiu no seio dos jovens adventistas e que
foi para todos os hospitais. E às pessoas, quando chegam nos hospitais e
precisam de sangue, Ver. Dr. Goulart, não se pergunta qual é a religião, se
pode fazer cirurgia ou não, dependendo da religião. Então, é um ato de
solidariedade, como disse o Senador Zambiasi, quando deu uma entrevista: “Muito
mais do que a quantidade de volume de sangue é o ato da solidariedade.” Eu fico
muito feliz.
O Sr. Dr.
Goulart: V. Exª permite um aparte?
O SR. ELIAS
VIDAL: Não lhe posso dar um aparte, Ver. Dr. Goulart, pois estou em
Comunicação de Líder.
O nosso muito
obrigado aos jovens adventistas e a todas as demais agremiações que estão se
engajando nessa campanha. Aqueles que não se engajaram nessa campanha têm até o
final da semana para se engajar, quem sabe ir até o Hemocentro e falar com o
Dr. Júlio, que está coordenando com suas equipes as suas unidades móveis pelo
Estado, dando total apoio a essa Campanha de Doação de Sangue. Muito obrigado,
Sr. Presidente. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O Ver. Haroldo
de Souza está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. HAROLDO DE
SOUZA: Sr. Presidente, Vereadores e Vereadoras, pessoas que aqui se encontram,
sobre o lamentável episódio de sexta-feira aqui na Câmara Municipal de Porto
Alegre, eu pergunto: em que situação ficou ou foi colocada a segurança da Casa?
Com que direito três Vereadores mandaram abrir o portão da Casa, que estava sob
a proteção da Brigada Militar, e permitiram não a invasão, mas a entrada dos
estudantes, que, depois, se transformou em invasão? Com que direito três
Vereadores desta Casa autorizam, em nome da Comissão de Educação, o
estabelecimento da baderna e de agressões à coisa pública? Com que direito
esses três Vereadores, representando a Comissão de Educação, permitem a falta
de educação e respeito a pessoas no interior da nossa Casa Legislativa, quebrando
mesas, computadores e cuspindo sobre os dispositivos que usamos para decretar
nossos votos em plenário? Sim, Verª Maria Celeste; sim, Verª Margarete Moraes,
cuspiram; vou mais longe: escarraram em nossos dispositivos de voto. Não estou
falando pelo o que ouvi, pelo o que me contaram; não, eu estava aqui presente!
A falta de
respeito fica em nome de quem? Não do meu! Como Vice-Presidente dessa Comissão
desautorizo o uso do meu nome como integrante da decisão tomada e repudio os
fatos acontecidos aqui, promovidos pela decisão do Presidente dessa Comissão,
Ver. Adeli Sell, e das Vereadoras Sofia Cavedon e Manuela d’Ávila.
Aqui é o
prosseguimento da minha casa, como os estúdios da Rádio Guaíba, onde trabalho.
Jamais vou compactuar com atos de vandalismo em nome da democracia, como
afirmou o Ver. Adeli Sell. Eu não admito invasão na minha casa, acho que
ninguém aqui admite. E repito: este plenário, para mim, é o prolongamento da
minha casa.
Os fatos de
sexta-feira, ocorridos aqui com a presença de estudantes, acobertados por três
Vereadores, foram lamentáveis sob o ponto de vista moral. Quem estava aqui
ficou estarrecido com o saldo de danos materiais contra o patrimônio público,
mas mais triste ainda com a falta de respeito e com a agressão moral à Câmara
Municipal de Porto Alegre.
Sempre fui um
homem que busca ser no hoje o homem que ontem fui, transparente e colocando
para fora do meu coração todos os meus sentimentos, sentimentos de alegria e
sentimentos de revolta e tristeza, como pelo fato ocorrido nesta Casa na
sexta-feira passada. Eu também - e quem não é? - sou contra todo o tipo de
aumento, mas nem por isso me julgo no direito de patrocinar ou praticar atos de
violência contra o patrimônio público. Nada justifica a irresponsabilidade!
Faltou respeito com a segurança da Casa - homens que estão aqui para dar
segurança à Casa -; faltou respeito com o Presidente desta Casa, o Ver. Elói
Guimarães; faltou respeito com a Cidade e, o que é pior, na era do telefone
celular.
Os Vereadores
que autorizaram a entrada dos estudantes aqui não poderiam ter usado o tal do
celular para garantir com o Presidente ou demais autoridades da Casa - porque
sequer à Mesa eles pertencem - que a coisa fosse feita dentro do Regimento?
Repudio as
atitudes dos Vereadores Adeli Sell, Sofia Cavedon e Manuela d’Ávila, ao
permitirem que manifestações ideológicas do Partido PSTU - escudado pela razão
dos estudantes - fossem feitas no plenário da nossa Câmara Municipal. Repudio,
sim, porque não é assim que eu penso e ajo na vivência política e social e,
muito menos, em defesa da democracia e da legalidade.
Em face dos
acontecimentos ocorridos envolvendo a Comissão em que sou Vice-Presidente,
estou pedindo o meu afastamento da Comissão de Educação, em que já estou há
quatro anos e meio, aguardo que a Mesa tome as providências a respeito desse
meu pedido.
É lamentável,
profundamente lamentável - Ver. Ibsen Pinheiro, Ver. João Antonio Dib, Ver.
Professor Garcia, e todos que aqui se encontram -, a agressão cometida contra a
Casa do Povo de Porto Alegre, de 233 anos de trabalho e de luta pelo bem
social. Baderna, não! Obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PROFESSOR GARCIA: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs.
Vereadores, eu vou abordar um tema que, nos últimos dias - não é um tema local
-, tem envolvido, tenho certeza, o mundo todo; é sobre a paciente Terri
Schiavo, cujos aparelhos o juiz autorizou a desligar nos Estados Unidos. Em
síntese, eu quero tratar com as senhoras e com os senhores sobre um tema que
não é um tema local, mas nos aflige. E todos, certamente, têm uma posição a
respeito da questão da eutanásia. Particularmente, este Vereador é contra a
eutanásia, mas eis alguns detalhes colocados: o Juiz, quando decidiu acatar a
decisão do marido, retirou os tubos que alimentavam, e - pasmem - essa paciente
não pode receber nem água nem qualquer tipo de alimento. Senhores e as senhoras
- nós temos aqui alguns médicos -, como explicar, no país dito o mais
desenvolvido do mundo, simplesmente que uma pessoa em vida vegetativa não tem
direito de receber água de qualquer forma? No meu entendimento, isso é uma
barbárie, e volto a dizer: isso no país dito mais evoluído do mundo.
Hoje de manhã
o Presidente Bush criou uma lei para novamente prolongar a vida. Volto a dizer
que eu sou daqueles que defendem que, enquanto há vida, há esperança; eu sou
daqueles que entendem que só Deus, na sua onipotência absoluta, pode tirar a
vida. E ele nos deu livre arbítrio.
Agora, o meu
questionamento - e é essa a reflexão que eu quero fazer com os senhores e com
as senhoras - é neste aspecto: primeiro, como que o país mais desenvolvido do
mundo pode fazer essa barbárie? “Ah, mas está em vida vegetativa, não pensa,
não se reanima, não sabe mais nada.” Mas é um ser humano. E aí entra toda uma
discussão. Neste mundo onde ao mesmo tempo estão tratando tanto da questão de
evolução genética não há a evolução daquilo que é mais importante desde quando
nós nascemos, que é o envolvimento com os nossos sentimentos. O que seria do
mundo, o que seria de nós se não tivéssemos sentimentos, se não olhássemos para
os outros e víssemos no outro um semelhante? A barbárie se dá dessa forma; a
evolução do homem e as suas desgraças, na grande maioria, acontecem quando ele
perde o verdadeiro sentido da vida.
E, hoje, o
Vaticano coloca um artigo em que diz (Lê.): “A lenta e terrível agonia de Terri
é hoje uma agonia do significado de Deus, a agonia do amor demonstrado por todo
aquele capaz de se preocupar com qualquer um que esteja mais vulnerável. Esta é
a agonia da humanidade.”
Eu volto,
colegas Vereadores, colegas Vereadoras, a dizer que este não é um tema só da
Câmara, mas, hoje, sem sombra de dúvida, é um tema do mundo; cada um e cada uma
tem as suas posições relativas à eutanásia. Mas eu pergunto: que direito temos
de tirar os tubos e não dar acesso pelo menos à questão da água? Volto a dizer
isso: isso num país que é dito por todos como o mais evoluído do mundo. Mais um
tempo para nossa reflexão. Porque talvez seja por isso que cada vez mais o
homem perde os seus valores e quer cada vez mais o domínio. Eu deixo com os
senhores e com as senhoras essa reflexão. Obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA.
MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras
Vereadoras, senhoras e senhores, gostaria de registrar que hoje, 21 de março, é
o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, dia que lembra a
necessidade de lutarmos contra a discriminação racial. No nosso País, que tem
uma comunidade fundamentalmente constituída de afro-descendentes, de negros,
negras, este dia serve especialmente para refletirmos e buscarmos formas de
ampliar direitos, igualdade, recuperar a história do nosso País. Este dia, só
para esclarecer, foi instituído em referência à discriminação racial na África
do Sul, no período do apartheid.
Mas gostaria
também de falar sobre o que, durante várias semanas, foi anunciado em todos os
meios de comunicação em relação a um relatório que ia ser anunciado pela
Prefeitura Municipal de Porto Alegre sobre as finanças do Município. Em
janeiro, foi passado para a população um valor pelo Secretário Busatto, que
chamo, carinhosamente, de primeiro-ministro, a dívida era de 200 milhões;
depois vieram vários outros valores. Eu não vou aqui tangenciar em relação a
números, mas gostaria, sim, de fazer um comentário mais político sobre esse
tema. Nós sempre deixamos claro para a população que nunca tivemos um folga
financeira, em nenhum momento acenamos dizendo que a Prefeitura estava com
grandes possibilidades financeiras. Mesmo assim, sempre pagamos em dia os
funcionários, todos os meses, e, durante catorze anos, pagamos a
bimestralidade. Pergunto a qualquer um, aos senhores e às senhoras: em qualquer
parte deste País, Estados ou Municípios fizeram esse investimento no sentido de
repor as perdas, no sentido de possibilitar que os funcionários, que prestam um
excelente trabalho para a população, pudessem ter de volta alguns dos direitos
que, na história, muitas vezes, ficaram perdidos; principalmente nos últimos
oito anos? E nós sabemos exatamente, com o Governo Fernando Henrique, o que foi
a história deste País.
A Prefeitura
tem feito anualmente um investimento de mais de dois bilhões, e nós deixamos
assim esta Cidade, uma Cidade civilizada, preparada para o futuro e,
principalmente, nas áreas de maior necessidade. Nós e toda a Cidade certamente
não permitiremos, em nome da democracia, que venham deturpar, inventar, maquiar
aquilo que nós constituímos e do que a cidade de Porto Alegre é testemunha. São
argumentos que nós já vimos, lá no Governo Britto e hoje também com o Governo
Rigotto, colocando a política do caos, e nós bem sabemos onde isso foi parar,
justamente com essa base de sustentação que hoje está instalada no Paço
Municipal. Instalaram o caos, privatizaram o gordo da CEEE e depois a CRT, como
nós bem sabemos, quiçá esteja por trás disso a PROCEMPA, a CARRIS ou o DMAE.
Esperamos, Sr. Presidente, que não seja verdadeiramente esse o sentido do que
está sendo colocado pela imprensa.
Mas, antes de
terminar o meu tempo, Sr. Presidente, não posso deixar de tecer aqui um breve
comentário. A Verª Sofia, a Verª Manuela e o Ver. Adeli Sell, Presidente da
Comissão que aqui esteve na sexta-feira, portanto a maioria, e o art. 42, § 3º
dá prerrogativa para que seja estabelecido... Porque na democracia, os
problemas sociais não estão estabelecidos ou não estão previstos naquilo que
está regimentalmente acordado. E a responsabilidade política de uma Casa
política é de recebê-los. Agora, se houve vandalismo, como foi colocado aqui,
nós repudiamos. Agora, não a ação política. Querer fazer um link com a
questão da Reforma Agrária é ressuscitar aqui a Opus Dei, é ressuscitar aqui
TFP, é não lembrar o que, muitas vezes, aconteceu nesta Casa, como foi o caso
do movimento do SIMPA, quando nós não podíamos sair daqui aplaudidos por muitos
Vereadores da atual oposição. Lembro aqui o Ver. Juarez Pinheiro, que teve a
sua família ameaçada, gente daqui, do SIMPA, dizia assim: “Cuidado, a sua
esposa pode não estar viva no outro dia”. Não vi a mesma atitude, apesar de
repudiar o ato que aconteceu aqui.
Lembro aqui a
nossa Presidenta, a Ver. ª Margarete Moraes, e tantos de nós que fomos
desrespeitados e ofendidos moralmente. E esta Instituição foi ofendida pelo
PREVIMPA e pelo atual Secretário Rigotti, que fazia frente, e não vi, pasmem,
nenhuma atitude nesse sentido.
Portanto, senhoras e senhores, repudiamos tudo
aquilo que vem ferir a instituição. Agora, não confundamos, porque nós sabemos
que, em relação à Reforma Agrária, como foi aqui perigosamente colocada como se
fossem os grandes bandidos, que é TFP e a Opus Dei, que têm grande
responsabilidade... Aqui o Brasil não foge de ter grandes segmentos que dão luz
a esse tipo de vandalismo, a esse tipo de terrorismo. Vamos tratar do fato em
si, não vamos responsabilizar quem foi eleito legitimamente. Só se acovardam
aqueles que na hora do pega, quando realmente têm de tomar decisões, saem de
Comissões, tomam atitudes arrogantes e não com a responsabilidade, como alguém
que foi eleito, que tem a responsabilidade política de buscar soluções.
E eu queria
parabenizar o Presidente pela sua conduta nesse momento. Vamos tentar tratar
com civilidade uma ação, porque não queremos que gere violência. E queremos,
Sr. Presidente, estar na fileira com V. Exª nesse sentido, para que isso
realmente possa trazer soluções para Cidade e que não seja uma barbárie, como
aconteceu aqui por alguns momentos, que possamos ser os precursores desse
momento tão importante, que tenhamos muita responsabilidade. Obrigado pela sua
tolerância e uma boa-tarde a todos.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Raul Carrion está com a palavra em Grande
Expediente, por cedência de tempo da Verª Manuela d’Ávila.
O SR. RAUL
CARRION: Exmo Presidente, Ver. Elói Guimarães; demais Vereadores,
Vereadoras, todos que nos assistem, o Partido Comunista do Brasil, a mais
antiga legenda do País, comemora 83 anos de vida na sexta-feira, 25 de março.
Seu surgimento não foi fruto do acaso ou da vontade de alguém. Expressou o
amadurecimento da classe operária brasileira que, na busca da sua emancipação,
organizou seu próprio Partido político. O Brasil vivia um momento de rupturas,
a Semana da Arte Moderna, as lutas tenentistas, o levante do Forte de
Copacabana, a Coluna Prestes. Três meses após a sua fundação, as elites
reacionárias colocaram os comunistas na ilegalidade, iniciando uma longa
trajetória de perseguições. Em 1925, o PC do Brasil lançou o jornal A Classe
Operária, que este ano comemora 80 anos de existência. Em 1927, com o fim do
Estado de Sítio, obteve sete meses de existência legal. Publicou o diário A
Nação e criou o Bloco Operário para participar das eleições, elegendo Azevedo
Lima como Deputado Federal pelo Rio de Janeiro. Em 1928, colocado novamente na
ilegalidade, elegeu, por meio do Bloco Operário e Camponês, dois dos doze
Vereadores do Rio de Janeiro - o operário marmorista Minervino de Oliveira e o
escritor Octávio Brandão. Em 1930, lançou Minervino de Oliveira - operário e
negro - como candidato à Presidência da República.
Assombrada, a
humanidade assistiu ao avanço do nazi-fascismo em todo o mundo. As “democracias
ocidentais”, vendo no nazi-fascismo um dique contra as lutas operárias,
conciliavam com ele. No Brasil alastrava-se o integralismo. Para enfrentar essa
onda totalitária, foi criada, em 1935, Aliança Nacional Libertadora, em defesa
das liberdades democráticas, da Reforma Agrária e da independência nacional. Em
poucos meses, a ANL alcançou mais de quatrocentos mil filiados.
Em julho de
1935, o Governo Vargas - simpático ao nazi-fascismo - colocou a ANL na ilegalidade,
invadiu suas sedes, prendeu seus militantes. A resposta dos aliancistas foi a
insurreição de Novembro de 1935, em Natal, Recife e Rio de Janeiro. Restrita
aos quartéis, foi sufocada a ferro e fogo, seguida de violenta repressão aos
aliancistas.
O fim da
guerra e a derrota do nazi-fascismo propiciaram a redemocratização do País. Em
1945 foi conquistada a Anistia e a legalidade do PC do Brasil. Em apenas dois
meses de campanha, os comunistas obtiveram 10% dos votos e elegeram catorze
deputados constituintes e um senador - o mais votado do Brasil. Suas fileiras
atingiram duzentos mil filiados. Preocupadas com o crescimento do PCdoB, as
elites conservadoras cassaram, em 1947, o seu registro e passaram a reprimir
violentamente os comunistas. Sem atemorizar-se, o Partido dirigiu-se a uma luta
pela devolução das bases aéreas norte-americanas no Nordeste, participou
ativamente da campanha “O Petróleo é Nosso”; combateu o envio de tropas à
Coréia; lutou pela Paz Mundial, pela Reforma Agrária, pelos direitos dos
trabalhadores e contra a carestia.
O final dos
anos 50 revelou sérias divergências entre os comunistas sobre os rumos da luta
no Brasil. Em 1961, o Programa e os Estatutos do Partido foram alterados - sem
qualquer decisão congressual - retirando seu conteúdo revolucionário. O próprio
nome do Partido foi mudado. Os que não aceitaram isso, realizaram uma
Conferência Nacional Extraordinária em fevereiro de 1962, reorganizando o
Partido Comunista do Brasil, com a sigla PCdoB.
Em 1963, em
sua “Resposta a Kruschov”, o PCdoB denunciou os descaminhos do socialismo na
União Soviética e em outros países do leste europeu. Crítica que se tornou cada
vez mais profunda, até culminar nos dias de hoje, quando o socialismo foi
totalmente abandonado nesses países.
Ainda frágil e
em pleno processo de reorganização, o PCdoB - apesar de combater as ilusões
reformistas em relação ao Governo João Goulart - não teve condições de
mobilizar o povo para resistir ao Golpe Militar de 64. Na clandestinidade,
desenvolveu a resistência à ditadura, não se deixou seduzir pelo foquismo,
acumulou forças. O Ato Institucional nº 5, em 1969, intensificou ainda mais a
repressão. O PCdoB pagou alta cota de presos, torturados, exilados e
assassinados. Em 1972, foram mortos sob tortura seus dirigentes nacionais:
Carlos Danielli, Luís Guilhardini, Lincoln Oest e Lincoln Bicalho Roque.
Em 12 de abril de 1972, surgiram no sul do Pará as
Forças Guerrilheiras do Araguaia, dirigidas e organizadas pelo PCdoB, que
resistiram durante três anos ao ataque de mais de vinte mil homens das Forças
Armadas. Ali deram a vida mais de setenta comunistas. Em 1976, com a “Queda da
Lapa”, a repressão cobrou mais um pesado tributo em sangue ao PCdoB: foram
presos e assassinados membros de seu Comitê Central. Em 1979, o Brasil
conquistou a Anistia. Em 1984, as Diretas Já levaram milhões às ruas. Em 1985,
a ditadura foi derrotada no Colégio Eleitoral, e o povo reconquistou a
democracia.
O PCdoB sempre
esteve na linha de frente de todas essas lutas em defesa da liberdade, da soberania
nacional, da reforma agrária, dos direitos dos trabalhadores e do socialismo.
Denunciou desde o primeiro momento o Governo neoliberal de Collor de Mello,
combateu com firmeza a Revisão Constitucional e lutou com decisão contra a
política neoliberal dos dois Governos FHC, que conduziram o País a uma crise
sem precedentes.
Num momento em
que tantos afirmavam que “a história acabou” e que “o socialismo morreu”, em
que tantos renegavam os seus antigos ideais de luta, o PCdoB aprovou, em 1995,
o seu Programa Socialista para o Brasil, em que reafirmou suas convicções
socialistas, rejeitou modelos e apresentou uma proposta inovadora, baseada na
realidade brasileira e compromissada com a mais ampla democracia socialista.
Na eleição de
Lula - vitória histórica do povo brasileiro - os comunistas elegeram 12
deputados federais e 17 deputados estaduais, totalizando 1.967.000 votos, um
aumento de quase 120% em relação às eleições anteriores. Para o Senado, os
candidatos do PCdoB somaram 6.186.000 votos. Entre Senadores, Deputados
Federais e Estaduais, os comunistas totalizaram 9.282.000 votos. Nas ultimas
eleições de Porto Alegre, o PCdoB aumentou em 180% a sua votação e dobrou a sua
Bancada na Câmara Municipal, elegendo o 4º e a 8ª mais votada desta Cidade.
Na atual
quadra histórica, o PCdoB conclama as forças progressistas do País a se unirem
em torno de um Governo de coalizão, capaz de levar adiante um novo projeto de
desenvolvimento nacional, soberano, democrático, que distribua renda e valorize
o trabalho. Tem posição clara contra a ALCA e contra a renovação dos acordos
com o FMI. Defende o Mercosul, a integração latino-americana e a autonomia do
Estado Nacional. Combate a independência do Banco Central e luta por um sistema
financeiro a serviço do desenvolvimento. Opõe-se à atual política de altos
juros e elevados superávits primários. Luta por uma política macroeconômica que
rompa com os fundamentos neoliberais e impulsione o desenvolvimento do Brasil.
Defende a valorização do salário mínimo e sua progressiva elevação.
Defende a
soberania da Amazônia e a sustentabilidade ambiental. Propõe uma Reforma
Agrária contra o latifúndio improdutivo; uma Reforma Urbana que assegure a
função social da propriedade e garanta a todos o direito à moradia. Uma Reforma
Política democrática, que fortaleça os Partidos e garanta a pluralidade. Uma
Reforma Sindical que assegure a autonomia sindical, contribua para a unidade
dos trabalhadores, preserve e amplie direitos. Uma Reforma Universitária que
garanta sua autonomia, democratize o acesso à universidade e a coloque a
serviço do desenvolvimento nacional.
O PCdoB é o Partido do socialismo. Nasceu sob esta
bandeira e sempre a manteve de pé. Ao lutar pelo êxito do Governo Lula, no rumo
das mudanças, julga que esse êxito, além de fundamental para o presente do
País, aproxima e abre caminhos para o grande projeto histórico dos
trabalhadores brasileiros - o socialismo.
Seu octogésimo
aniversário é motivo de alegria não só para os comunistas, mas para todos os
lutadores sociais, que sempre tiveram e continuarão a ter no PCdoB o aliado
sincero e leal na luta por um Brasil soberano, democrático e mais justo. Muito
obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): Passamos às
O Ver. Ibsen
Pinheiro está com a palavra em Comunicações.
O SR. IBSEN
PINHEIRO: Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, Sr. Presidente, pretendia,
na exigüidade destes cinco minutos, abordar o tema dos acontecimentos da última
sexta-feira nesta Casa, mas vou-me dispensar de fazê-lo, porque V. Exª esgotou
o assunto. Receba a minha solidariedade expressa. Trato de outro tema que
considero relevante e interessante.
Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, eu não vejo o Big Brother, e não está aqui
qualquer manifestação elitista. Vejo novelas e acho que a dramaturgia
brasileira alcançou altos momentos nas novelas da Rede Globo. Eu me nego a ver
o Big Brother, não porque seja um programa ruim. Programas ruins, você
convive com eles ou até desvia a atenção para o jornal. Não vejo, porque me faz
mal assistir a uma grosseira manipulação do sentimento das pessoas, a uma
grosseira orientação para manipulação do sentimento popular. A mim me faz mal.
O único protesto que posso realizar é acionar o controle remoto. E vejo, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, que ali se está dividindo o bem do mal, e alguém
decide quem é o bem e quem é o mal. Fico contristado, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, em perceber os altos índices de audiência.
Assusta-me, realmente, a circunstância de uma máquina tão poderosa ter um
instrumento tão eficaz de formação do sentimento das pessoas, a capacidade de
comover, que a moderna televisão, com altíssimos índices de audiência,
transforma num instrumento eficacíssimo na formulação de decisões e até de
políticas públicas. E nós, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, que
com tanta freqüência somos destinados ao bando do mal, não nos enganemos: o
nosso papel, nesse Big Brother fabricado, é o bando do mal, a ponta ruim
daqueles que até merecem apedrejamento, segundo claríssima sugestão de um dos
capítulos da novela de grande expressão.
Quero terminar
esta breve manifestação com uma reafirmação do meu compromisso com a liberdade
de criação, com a liberdade de comunicação. Não estou reclamando poderes
estatais para o controle disso, mas instrumentos culturais que nos permitam,
Sr. Presidente, contrapor a vontade massiva e massificadora, especialmente da
televisão, construindo para os nossos jovens, as nossas crianças, as verdades
que convém, as leniências necessárias e os engajamentos artificiais, a tal
ponto de, talvez num dado momento, termos de discutir a hipótese de que, já que
o poder emana do povo, em vez de eleger os representantes para esta Casa, nós
elejamos os editores e os diretores dos programas de televisão. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. José Ismael Heinen está com a palavra em
Comunicações.
O SR. JOSÉ
ISMAEL HEINEN: Exmo Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; nobres Vereadoras,
nobres Vereadores, colegas desta Casa, não sei, Presidente, se poderia fazer
uma solicitação em tom de brincadeira, porque não sei se é um fardo ou uma
grande honra: sempre, neste expediente, falo após o nosso grande tribuno Ibsen
- parabéns, mestre, a minha admiração é permanente. Mas vamos-nos desincumbindo,
também, dessa seqüência.
Também, amigo,
Ver. Ibsen, nessa colocação, preocupa-me a valorização dos Parlamentos na
democracia. A instituição parlamentar talvez seja o elo mais forte da
manutenção democrática das nossas instituições. E, quando a gente vê, através
de opiniões ou mesmo em tom de brincadeiras, a diminuição dos Parlamentares e
do Parlamento, isso causa preocupação, não nossa, Parlamentares neste momento,
mas a toda a sociedade democrática.
Observei, com
muita preocupação, nobres colegas, certos fatos ocorridos nos últimos dias. A
obstrução da liberdade de imprensa pela Via Campesina numa demonstração de
bloqueio de uma via pública. Vejo essas escaramuças estudantis - eu digo
escaramuças, porque elas são tão antigas, que eu me lembro que foram até antes
da construção do muro de Berlim; ele já caiu, ele já tremeu - acontecerem
novamente, quando os estudantes buscam a oportunidade de firmarem seus
movimentos. E cabe a nós, com certeza, fazer com que as causas não frutifiquem,
no sentido inclusive da educação política desses jovens, mas todavia jamais
aceitando as contradições flagrantes que esse movimento apresenta, como as
depredações do patrimônio público e principalmente o ponto audacioso de chegar
ao desmerecimento da Casa do Povo, numa ofensa à democracia, como fizeram nesta
Câmara.
Vossa
Excelência, Sr. Presidente, afirmou que a ordem pública tem de ser cumprida. Eu
não imagino o momento em que os agentes públicos não possam fazer com que lei
seja cumprida. Neste momento conturbado em que vivemos, em que a violência nos
assusta, imaginem se o agente público não agir no cumprimento da ordem.
Assustam-me,
também, as nossas fronteiras amazônicas, quando vislumbramos a fragilidade da
democracia de um país co-irmão. Assusta-nos muito mais quando esse Chefe de
Estado é recebido com loas e festa na nossa democracia brasileira. Foi
fartamente noticiado na imprensa, em letras garrafais: “É proibido falar mal de
Hugo Chávez, da Venezuela.” E aprova-se uma lei levando as penalidades àquele
que discordar do todo-poderoso. Vejo aqui, em destaque, punição para outros
delitos: obstrução da via pública, direito de ir e vir em uma democracia, com
pena de quatro a oito anos de prisão. Imaginem que as ofensas ao Sr. Presidente
levam a penas de até três anos. Muitas outras: panelaço sendo proibido também
com prisão; invasão e ocupação de terrenos ou imóveis desocupados com pena de
cinco a dez anos de prisão. E essa personalidade diz-se defensor da democracia
quando limita a nós todos uma fragilidade do que é ofensa e do que é falar mal.
Preocupa-me a posição geográfica das nossas fronteiras, se vier a consumar essa
ditadura latente da Venezuela; há de ser um ponto preocupante da nossa
democracia brasileira, da América Latina e tudo o mais.
Rogo a Deus
que as pirâmides democráticas, liberdade e igualdade, sejam observadas em todas
as oportunidades; e jamais terão o meu apoio em que as causas justifiquem os
fins, em que esteja envolvido o bem mais precioso que é a vida, que é a
liberdade, que é a igualdade e a democracia responsável. Muito obrigado.
(Revisado
pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): Quero publicizar ao plenário Requerimento do Ver.
Haroldo de Souza (Lê.): “Sr. Presidente, comunico a Vossa Excelência a minha
renúncia do cargo de Vice-Presidente da Comissão de Educação e Cultura - CECE -
da Câmara Municipal de Porto Alegre. Informo, também, o meu afastamento da
referida Comissão. Requeiro à Mesa Diretora da Casa as providências legais
quanto ao Requerimento apresentado. Sala das Sessões, 21 de março de 2005”.
Subscreve o Ver. Haroldo de Souza. Estou encaminhando o Requerimento à
Procuradoria da Casa.
A Verª Maria
Celeste está com a palavra em Comunicações.
A SRA. MARIA
CELESTE: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores,
o assunto que eu gostaria de abordar neste período de Comunicações já foi
rapidamente comentado pela nossa Líder, diz respeito à situação financeira da
Prefeitura do Município de Porto Alegre.
O diagnóstico que foi tão alardeado, tão colocado na
mídia, tão esperado durante mais de quinze dias apareceu para nós nesses
últimos dias - na quinta-feira, mais precisamente. Aliás, para mim foi a
principal obra, até o momento, realizada pela atual Administração, porque até
agora nós não vimos, não sabemos concretamente a que veio esta nova
Administração. E aí aparece a obra desse diagnóstico financeiro. Diferentemente
do que a maioria da população de Porto Alegre esperava, o Prefeito José Fogaça
e a sua equipe têm concentrado as suas ações para discutir, para analisar as
finanças da Prefeitura de Porto Alegre em detrimento de apresentar para a
Cidade a execução do seu programa de campanha, das promessas que ele fez para a
cidade de Porto Alegre. Nós já estamos há quase três meses com esta
Administração e ainda não vimos sequer uma ação efetiva que tenha sido
demonstrada pelo atual Governo.
Mas, como na política nenhuma ação é desprovida de
intencionalidade, eu gostaria de refletir sobre o tema, companheira e Líder
Maristela Maffei, tecer alguns comentários sobre o que eu penso ser a
construção de uma base de justificativa para promover futuramente Porto Alegre,
uma inversão de prioridades às avessas, ou seja, a possibilidade de desmantelar
serviços públicos essenciais para beneficiar outros segmentos e setores da
sociedade. Aqui, para mim, é a essência do que está já delineando esse projeto.
O Prefeito
Municipal e sua equipe têm insistido em dizer que receberam dos dezesseis anos
de Administração Popular uma herança maldita, no que tange às finanças. Eles têm
frisado, diariamente, que a dívida herdada de curto prazo referente a
pagamentos atrasados para fornecedores e prestadores de serviços é em torno de
duzentos milhões de reais. Falo em torno, porque somente na quinta-feira foi
apresentado o número de 175 milhões. Então, até o presente momento da
apresentação desse diagnóstico não se sabia realmente qual a dívida que diziam
ter herdado. Como a economia é uma área muito dinâmica, que possibilita
diversas leituras sobre os dados, não se torna difícil manipular números para
distorcer a realidade, ou seja, enganar a própria população.
Pois bem, o
atual Secretário Municipal da Fazenda tem dito que a nossa Administração teria
deixado para o Governo atual uma situação grave de desequilíbrio nas finanças
municipais. O Secretário, para chegar a essa afirmação, certamente, deve ter
manipulado os dados do Balanço financeiro ou incluído, na dívida de curto
prazo, restos a pagar não-processados e despesa não-concretizada, como é o caso
dos supostos créditos no valor de 39 milhões de reais que a CEEE teria a
receber da Prefeitura. É preciso que se diga para a população que essa questão
não é líquida e certa, pois existe uma dívida referente ao IPTU por parte da
CEEE junto à Prefeitura. Um outro dado dessa manipulação é que também o Governo
do Estado tem que repassar ao Município o valor de nove milhões de reais.
Para finalizar
- lamentavelmente não vou conseguir ler todo o discurso que havia preparado -,
essa questão do limite da Lei de Responsabilidade Fiscal não é nova no
Município. Em 8 de maio de 2003, o então Prefeito João Verle já falava para a
imprensa das dificuldades que tínhamos no Município de Porto Alegre. Agora, a
“herança bendita” que nós deixamos na cidade de Porto Alegre, esta, sim, foi
construída nos dezesseis anos da nossa Administração. E mais: quero pedir ao
Prefeito que comece a governar a Cidade, efetivamente, que mostre a que veio,
que diga e que cumpra as promessas que fez durante a campanha, porque até agora
isso não aconteceu. Se não tem competência para administrar a Cidade, para
governar Porto Alegre, devolva à Frente Popular, que nós fizemos isso muito bem
nos dezesseis anos anteriores. Muito obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Ervino
Besson está com a
palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Mário Fraga.
O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras
Vereadoras, senhoras e senhores que nos acompanham nas galerias e pelo Canal 16
da TVCâmara, queria saudar a todos.
Verª Maria Celeste, eu ouvi, muito
atento, o seu pronunciamento, só que não fecham os seus dados aqui com o que
foi dito na reunião que nós tivemos, estavam presentes a maioria dos Vereadores
da situação, o Prefeito Municipal, Dr. Fogaça, e alguns Secretários. Não foi o
que V. Exª colocou nesta tribuna, principalmente, no que se refere aos últimos
dois anos de Governo. Eu gostaria de ter os dados em mãos, mas não consegui
obtê-los a tempo com meu pessoal do gabinete. Está claro, no jornal Zero Hora,
há uma tabelinha curta, comprovando que a situação financeira do nosso
Município está muito longe daquilo que a nossa querida colega Verª Maria
Celeste colocou há pouco nesta tribuna.
O Sr. Carlos Todeschini: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Obrigado, meu querido Ver. Ervino Besson. Nós tivemos
na sexta-feira, de manhã, a presença aqui do Sr. Secretário da Fazenda,
Cristiano Tatsch, e do Sr. Portela, Coordenador do GAPLAN - não sei se mudou de
nome agora. Para mim, confirmou-se toda a análise que se apresentava, realmente
reforçaram-se as minhas convicções, meu caro Ver. Ervino Besson, por um motivo
muito simples: eu tive a experiência de estar no Governo, de ter estado lá e
posso dizer que, em relação àquilo que é levantado como dívida, muitas partes
não são dívidas que possam ser contabilizadas como encargos de curto prazo; por
exemplo, os quarenta milhões de energia elétrica. E V. Exª sabe que o Estado
não paga a água, não paga o IPTU, não paga as contas com a Prefeitura, então,
de tempos em tempos, são feitos encontros de contas. Se isso é contabilizado,
tem de contabilizar também os créditos que são correspondentes dessa parte.
Portanto há um pequeno exagero, há uma força que é evidente nessa situação.
Muito obrigado pelo aparte.
O SR. ERVINO BESSON: Obrigado, Ver. Carlos Todeschini.
No decorrer do tempo,
vamos ter oportunidade de discutir a respeito disso aqui, sem dúvida nenhuma,
nesta Sessão e em várias outras que vão surgir nesta Câmara. Tenho certeza de
que o Ver. João Antonio Dib também vai pronunciar-se mais ou menos nessa linha.
Gostaria que
um Vereador ou Vereadora da base do Governo anterior fizesse um pronunciamento
nesta tribuna a respeito daquilo que sempre foi defendido aqui, inclusive pelo
Partido do Governo, deste e de outros Governos que passaram aqui, a respeito do
nosso funcionalismo público - pessoas preparadas, pessoas concursadas, que têm
um amplo conhecimento da máquina administrativa. Meu caro Ver. Carlos
Todeschini, conforme colocação do Prefeito, a Secretaria da Fazenda, uma
Secretaria que considero a mais importante dentro da nossa Prefeitura de Porto
Alegre, tem quatrocentos funcionários, e eu não sei por que o Governo passado
“escanteou” esses funcionários e colocou doze funcionários CCs para administrar
toda estrutura da Secretaria - doze?! E somente esses doze funcionários tinham
os dados e a permissão de colocar para a opinião pública a situação da
Secretaria da Fazenda - palavras ditas pelo Prefeito Fogaça. E a primeira coisa
que o Prefeito João Verle fez quando saiu do Governo foi a retirada dos doze
CCs que conheciam toda a máquina administrativa da Secretaria, que é uma das
mais importantes da nossa Cidade, e não deixou ninguém que tivesse condições de
repassar os dados para o Secretário que assumiu.
A Srª Maria Celeste:
V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Ervino Besson,
rapidamente, só quero dar uma informação. O Secretário-Adjunto do nosso
Governo, Henrique Peixoto, é funcionário público municipal e continua lá. Então
temos de ter cuidado quando afirmamos que doze CCs têm todos os dados da
Secretaria da Fazenda.
O SR. ERVINO
BESSON: São informações que estou transmitindo aqui com toda a clareza, conforme
o Prefeito Municipal colocou para a maioria dos Vereadores - creio que todos os
Vereadores da situação estiveram presentes na semana passada. Muito obrigado,
Sr. Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em
Comunicações, por cedência de tempo da Verª Maristela Meneghetti.
O SR. JOÃO
ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, minhas
senhoras, meus senhores, eu gostaria de ser tão educado e comedido como o é o
Prefeito José Fogaça. Em momento nenhum, ele falou em herança maldita. E eu
gostaria de ser tão educado quanto ele, porque não diria o que eu vou dizer
agora: pior do que herança maldita, uma herança criminosa. Porque fazer 94
milhões de reais de obras e serviços sem prévio empenho, por tudo o que eu
passei no serviço público, é crime. E isso aconteceu, foram 94 milhões e 200
mil reais de obras e serviços sem prévio empenho. E isso, no serviço público,
não se faz.
Eu quero dizer
a V. Exas que nunca inventei um número. Eu sou engenheiro civil,
toda a minha ascendência é árabe, e os árabes gostam muito dos números, e os
engenheiros lidam com números; portanto, eu sempre usei os números dos
Prefeitos e dos Secretários da Fazenda dos últimos dezesseis anos.
Vou começar por 1990. O Prefeito Olívio Dutra, em
janeiro, afirmava que não tinha dinheiro para pagar os servidores, parcelou os
salários. Segundo ele, faltariam 70 milhões de cruzeiros. E eu garantia que ele
tinha os 70 milhões de cruzeiros. Três dias depois do dia 31 de janeiro, dia 3
de fevereiro, eu trouxe à tribuna uma aplicação de over night da
Prefeitura de 107 milhões. Quem não tinha 70 tinha 107, e, a partir daí, não
atrasaram mais o pagamento dos servidores.
E é assim que eles gostam de agir: põem o dinheiro
no banco em CDB. E continuo dizendo o que eu disse em todo o ano passado: não sei
onde botaram o dinheiro. E sempre disse que dinheiro do povo, cobrado por meio
de impostos, não pode servir para depósito bancário em CDBs, deve ser
transformado em obras e serviços.
Em 2003, em
maio, o Prefeito João Verle disse que a Prefeitura teria, naquele ano, um
déficit de 75 milhões de reais, e eu disse que ele teria um superávit. E aí ele
não pagou a bimestralidade aos servidores municipais, deixou, a partir daí, de
pagar a bimestralidade. Mas não falou a verdade - isso foi documentado aqui, nesta
tribuna, na Comissão de Constituição e Justiça e no Correio do Povo. Ele
informou aos servidores que a arrecadação dos 12 meses anteriores era de um
bilhão e 460 milhões de reais. Portanto, não daria para pagar a bimestralidade
mais do que ele pagou - aquela pequena parte. Mas, na verdade, a arrecadação
daqueles 12 meses anteriores foi de um bilhão e 512 milhões de reais - dava
para pagar a bimestralidade! Mas ele não pagou! Esta Casa olhou os documentos,
a Comissão de Justiça analisou-os e disse que eu estava certo. Mas, como eu era
o Presidente, achei que a Casa devesse tomar medidas, e não o Presidente
apenas, e a Câmara entendeu que o processo deveria ser mandado para o Tribunal
de Contas. Fez um Requerimento que até hoje não foi votado.
Mas o Tribunal
de Contas, no ano de 2004 - porque eu exerci a Prefeitura várias vezes em 2003
-, informava-me que as contas da Prefeitura estavam corretas, que a despesa de
pessoal jamais atingiu o limite prudencial, o que obrigaria o Tribunal a emitir
um aviso para a Prefeitura: “Não pode gastar mais”. Em nenhum momento isso
ocorreu. Eles não pagaram a bimestralidade, mas continuaram com o dinheiro em
CDBs nos bancos da Cidade.
No dia 31 de
dezembro de 2003, a Prefeitura tinha, no sistema bancário, cento e vinte e poucos
milhões de reais. Aí o Sr. André Passos me disse que não era superávit, que não
era dinheiro. Mas estava pago todo o 13º salário, todo o dinheiro do salário
dos municipários, tudo pago, e havia cento e vinte e poucos milhões de reais.
Eles têm resto a pagar. É, realmente, há resto a pagar. Então, expliquem-me por
que, em fins do mês de janeiro, nós tínhamos 160 milhões? Resta pagar, e
pagaram, por certo, ou então fizeram algum mistério com o dinheiro.
Sr.
Presidente, solicito a V. Exª que incorpore ao meu tempo o tempo de Liderança,
para que eu possa concluir o meu pronunciamento.
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO
ANTONIO DIB: Bem, até o dia 30 de setembro do ano passado, eu consegui arrancar do
Secretário da Fazenda a disponibilidade bancária, sendo que, em uma das vezes,
ele me disse: “Não vai usar contra mim...” E agora eu entendo o que ele queria
dizer quando pediu que eu não usasse contra ele o conhecimento a respeito da
sua disponibilidade bancária.
No dia 30 de
setembro, ele tinha 107 milhões; eu fiz mais um Pedido de Informações e posso
dizer que, no dia 30 de outubro, ele tinha 78 milhões; e, no dia 30 de
novembro, ele tinha 74 milhões na rede bancária, mas a arrecadação de dezembro
foi de 210 milhões de reais.
Aonde foi o
dinheiro da Prefeitura? Essa é a pergunta que eu tenho feito. Que química
contábil se realizou na Prefeitura que nunca podemos entender os números?
Porque aqueles que sabiam foram embora, levaram os números. E como é que eu,
agora, vou saber?
A Prefeitura
de Porto Alegre, a Capital da Qualidade de Vida - ouvi isso hoje novamente -,
em dezesseis anos, ganhou esse título duas vezes; em três anos, como Prefeito,
eu ganhei três vezes: “Melhor Qualidade de Vida no Brasil”, Porto Alegre ganhou
esse título em 1983, 1984 e 1985, e nos dezesseis anos ganhou duas vezes, mas a
publicidade foi muito maior. Então, se recebeu o título Melhor Qualidade de
Vida, a Cidade deve estar crescendo.
Nós tivemos, em
2001, a arrecadação de 1 bilhão e 440 milhões de reais; em 2002, 1 bilhão e 586
milhões de reais; em 2003, 1 bilhão e 799 milhões de reais, e aí eles deram uma
de caranguejo, andaram para trás.
Eu não entendo
esses números! Não sei, eles levaram...! Não há como compor!
Eles
arrecadaram 1 bilhão e 463 milhões de reais, e a previsão era de 1 bilhão e 897
milhões de reais. Arrecadaram 434 milhões de reais a menos.
Eu não sei
quem consegue me explicar isso. Eu não inventei os números, como eu disse; aqui
está numa página (Mostra dados da execução orçamentária do Governo passado),
desde o dia 28 de fevereiro de 2001, mês a mês, todas as disponibilidades
bancárias da Prefeitura. Aqui está toda a execução orçamentária da Prefeitura
em 2004 - dados todos do Prefeito e do Secretário da Fazenda. Eu não criei
nenhum deles nem coloquei dúvidas nas palavras dessas duas figuras da cidade de
Porto Alegre.
Aqui está a
execução orçamentária de 2003, mês a mês; ela contém coisas esquisitas, que eu
até hoje não entendi: de repente, o dinheiro do SUS diminuiu, de forma
impressionante, na Prefeitura. Eu somei: em 2003, 427 milhões de reais; o
balanço deu 251 milhões. Perguntei aqui para o Sr. André Passos inclusive - eu
estava nesta tribuna, e ele estava no plenário: “Responda-me como é que
acontece isso?” Volto a dizer: não estou insinuando que tenha havido qualquer
patifaria; eu só quero saber como foi usado o dinheiro, eu só quero entender,
só quero saber onde! Não me disseram, ninguém da Bancada do PT me disse onde
estava o dinheiro.
No ano de
2004, o meu somatório deu 500 milhões de reais; o da Prefeitura, 280 milhões.
Eu quero saber! De novo eu digo: não usaram o dinheiro para coisa nenhuma, não
têm nada com as FARC nem com coisa nenhuma. É tudo Porto Alegre, tudo direitinho;
só me digam onde foi usado e como foi usado!
Eu sou um
homem que gosta de números; hoje já fiz um pedido de números ao Executivo
Municipal, cuja resposta eu espero que até amanhã me seja entregue. Fiz isso
porque sou atento; assim como eu fiz, qualquer Vereador da Casa poderia ter
feito. Quero amanhã os números; depois eu vou poder analisar.
Mas não
consegui, por mais que exercitasse os meus conhecimentos, por mais que eu
tentasse movimentar números, entender por que a Prefeitura, que tinha tanto
dinheiro, deixou dívidas, e dívida criminosa. O Prefeito não usou a expressão
“herança maldita” nem “criminosa”, mas eu é que estou dizendo: dívida criminosa
de 94 milhões de reais, que não foram vinculados, que não foram registrados,
que não foram empenhados. Nada, nem um centavo foi empenhado! Saúde e PAZ!
(Não revisado pelo orador.)
E nós tivemos
o que chamamos de agendas positivas do movimento estudantil. Mais de dois mil
estudantes foram às ruas de Brasília para entregar a sua colaboração ao
Anteprojeto da Reforma Universitária para o Ministro Tarso Genro e para o
Presidente da Câmara, Severino Cavalcanti. Ambos se comprometeram a aprovar
isto que representa um dos maiores feitos democráticos com relação à educação
superior no nosso País: reservar metade das vagas das nossas universidades
públicas para os filhos dos negros e das negras, dos trabalhadores e das
trabalhadoras das camadas, historicamente, desfavorecidas na nossa sociedade.
Se é verdade que nós sabemos que é preciso ir muito mais fundo e alterar
estruturalmente as universidades e o sistema nacional de educação, nós também
sabemos que não podemos perder esse tempo.
Eu,
particularmente, já comemoro de antevéspera, porque tivemos o compromisso do
Presidente da Câmara Federal, Deputado Severino, de colocar o Projeto da
reserva de vagas para apreciação dos Deputados na próxima quarta-feira.
Portanto, os estudantes já comemoram.
Mas nós sempre
debatemos a questão da educação com a preocupação fundamental na temática do
acesso, e aí entra a questão do ProUni, que conseguiu abrir cem mil vagas para
estudantes, dentro da questão da reserva de vagas, da ampliação para 40%, mas
nós nunca nos olvidamos de também pautar, em conjunto com a temática do acesso,
a temática da permanência desses estudantes na educação, seja ela fundamental,
do ensino médio ou da universidade. Também apresentamos o plano nacional de
assistência estudantil: reforma com reserva e assistência estudantil, que é a
principal pauta dos estudantes.
Se nós temos a
preocupação - como temos - com a permanência dos estudantes na sala de aula,
esta Casa, a Casa do Povo - não só escrito nos seus corredores, mas, de fato,
todos nós que aqui estamos compreendemos que esta é a Casa do Povo de Porto
Alegre -, não poderia ter-se furtado de receber estudantes que vieram procurar
a Comissão de Educação, Cultura e Esportes como fizemos na sexta-feira. Em
nossa opinião, como Parlamentares, cumprimos com a nossa obrigação. Se houve
excessos, nós devemos, sim, apurar e responsabilizar os responsáveis. Mas nós
não podemos, em momento nenhum, por excessos de alguns, equivocados, com
certeza - e acho que consensualizamos nisso -, nos furtar da nossa obrigação de
construir espaços permanentes de interlocução com a nossa sociedade, com aqueles
que nos elegem ou não nos elegem. É o caso desses estudantes que estavam aqui e
que manifestaram as suas opiniões. Inclusive, as atitudes equivocadas por parte
de alguns colaboram para que constantemente a direita, os Partidos
conservadores, possam atacar e criminalizar os movimentos sociais.
Nós sabemos
que o movimento estudantil está vivo, nunca deixou de estar vivo e que essas
manifestações individuais não fazem parte da nossa opção de unificar o
movimento estudantil para mudar, de fato, o nosso Brasil.(Palmas.)
(Não revisado pela oradora.)
O
SR.PRESIDENTE (Elói Guimarães): Está encerrado o período de Comunicações.
Passamos à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR (Art. 151 do
Regimento)
(05
oradores/05 minutos/com aparte)
1.ª SESSÃO
PROC. N.º 3845/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º
226/03, de autoria do Ver. Haroldo de
Souza, que declara de
utilidade pública a Sociedade Partenon Literário.
PROC. N.º 4422/03 - PROJETO
DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 341/03, de autoria do Ver. Haroldo de Souza, que autoriza o
Executivo Municipal a realizar o plantio de árvores frutíferas em todas as
praças e parques da cidade de Porto Alegre. Com Substitutivo n.º 01.
PROC. N.º 6977/03 - PROJETO
DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO N.º 013/03, que altera a Lei Complementar n.º
434/99, acrescentando o mapa da malha viária básica do Município e
estabelecendo diretrizes para rede multimodal de transporte público de Porto
Alegre. (desarquivado pelo Ver. Carlos Comassetto)
PROC. N.º 5800/04 - PROJETO
DE LEI DO EXECUTIVO N.º 066/04, que denomina Vicente Rao o Complexo Cultural do
Porto Seco de Porto Alegre.(desarquivado pela Ver.ª Margarete Moraes)
PROC. N.º 0121/05 - PROJETO
DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO N.º 007/05, de autoria do
Ver. Bernardino Vendruscolo, que institucionaliza o Orçamento Participativo no
âmbito da Administração Municipal; cria o Conselho Municipal do Orçamento
Participativo e dá outras providências.
PROC. N.º 0125/05 - PROJETO
DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO N.º 008/05, de autoria do
Ver. Bernardino Vendruscolo, que cria o Conselho Superior de Cultura
Tradicionalista Gaúcha no Município de Porto Alegre, estabelece sua composição
e define suas atribuições de órgão administrador do Parque Maurício Sirotsky
Sobrinho.
PROC. N.º 1350/05 - PROJETO
DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 063/05, de autoria do Ver. Ervino Besson, que inclui a
Festa do Ridículo no Calendário de Eventos Oficiais de Porto Alegre.
PROC. N.º 1246/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º
053/05, de autoria da Ver.ª Maria Celeste, que altera a redação do art. 1.º e
revoga o art. 3.º da Lei n.º 9.607, de 21 de setembro de 2004, que fixa os
subsídios mensais dos Vereadores de Porto Alegre e a ajuda de custo da
Presidência da Câmara Municipal para a XIV Legislatura, período de 1.º de
janeiro de 2005 a 31 de dezembro de 2008, definindo critérios para os reajustes dos subsídios durante a XIV
Legislatura.
PROC. N.º 1522/05 - PROJETO
DE LEI DO EXECUTIVO N.º 005/05, que altera a redação do art. 7º da Lei n.º 9.772,
de 27 de janeiro de 2005, que cria, na Administração Centralizada do Município,
a Secretaria Municipal da Juventude e autoriza o Executivo Municipal a abrir
créditos adicionais necessários ao funcionamento da mesma.
2.ª SESSÃO
PROC. N.º 2899/03 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 021/03, que institui Área Especial de Interesse
Social AEIS II para regularização do loteamento clandestino situado na Estrada
Octávio Frasca n.os 1.568 e 1.578 - Morada das Flores. (desarquivado
pelo Ver. Carlos Comassetto)
PROC. N.º 4448/03 - PROJETO
DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 342/03, de autoria do Ver. Haroldo de Souza, que dispõe
sobre incentivo fiscal às empresas que admitem empregados com idade superior a
50 (cinqüenta) anos e dá outras providências.
PROC. N.º 6978/03 - PROJETO
DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO N.º 014/03, que altera a Lei Complementar n.º
434/99, compatibilizando-a com o Estatuto da Cidade, Lei Federal n.º 10.257/01. (desarquivado pelo Ver. Carlos
Comassetto)
PROC. N.º 0287/04 - PROJETO
DE LEI DO EXECUTIVO N.º 002/04, que desafeta da destinação de uso comum do povo
próprio municipal para fins de regularização fundiária através de concessão de
Direito Real de Uso.
(desarquivado pelo Ver. Carlos Comassetto)
PROC. N.º 3894/04 - PROJETO
DE LEI DO EXECUTIVO N.º 037/04, que institui Área Especial de Interesse Social, na
Categoria de AEIS II, na gleba situada na MZ 08, EUE 050, com vistas à
regularização de loteamento irregular situado na Estrada Edgar Pires de Castro,
9.780, e dá outras providências. (desarquivado
pelo Ver. Carlos Comassetto)
PROC. N.º 0841/05 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO N.º 038/05, de autoria do
Ver. Raul Carrion, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre
ao Professor Hélgio Henrique Casses Trindade.
PROC. N.º 1165/05 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO N.º 050/05, de autoria do
Ver. João Carlos Nedel, que altera a redação do art. 1º da Lei n.º 1.566, de 31
de dezembro de 1955, que denomina Estrada João Salamoni, corrigindo-a
ortograficamente para Estrada João Salomoni.
PROC. N.º 6244/03 – PROJETO
DE LEI DO EXECUTIVO N.º 049/03, que institui Área Especial de Interesse Cultural –
AEIC, na gleba situada na MZ 08, UEU 052, subunidade 01 da Lei Complementar n.º
434/99 – PDDUA, com vistas a assentar Comunidade Kaigangue, localizada na
Estrada João de Oliveira Remião, n.º 9735, Bairro Agronomia. (desarquivado pelo Ver. Carlos
Comassetto)
PROC. N.º 4060/04 - PROJETO
DE LEI DO EXECUTIVO N.º 041/04, que desafeta a área de praça da quadra “D” do
Loteamento dos Servidores da Carris, situada na Vila Rio Branco, no Bairro
Santa Tereza. (desarquivado pelo Ver. Carlos Comassetto)
PROC. N.º 4751/04 - PROJETO
DE LEI DO EXECUTIVO N.º 045/04, que aprova projeto urbanístico para área da Rua
Voluntários da Pátria abrangida pelo Programa Integrado Entrada da Cidade. (desarquivado pelo Ver. João Antonio
Dib)
PROC. N.º 1318/05 - PROJETO
DE RESOLUÇÃO N.º 070/05, de autoria da Ver.ª Maristela Maffei, que concede o
Prêmio “Construtor da Paz” à Comissão Pastoral da Terra (CPT).
3.ª SESSÃO
PROC. N.º 0075/05 - PROJETO
DE RESOLUÇÃO N.º 016/05, de autoria do Ver. Dr. Goulart, que
concede o Prêmio Francisco José Zaffari de Promoção e Defesa dos Direitos da
Criança e do Adolescente a Carlos Caetano Bledorn Verri (Dunga), na modalidade
personalidade; ao Instituto da Criança com Diabetes, na modalidade entidade e à
Rede Brasil Sul (RBS), na modalidade empresa.
PROC. N.º 1408/05 - PROJETO
DE EMENDA À LEI ORGÂNICA N.º 004/05, de autoria do Governo Municipal, que altera e dá
nova redação ao inciso I do §6º, e ao inciso I do § 7º, todos do art. 121 da
Lei Orgânica do Município de Porto Alegre.
PROC. N.º 1275/05 - PROJETO
DE RESOLUÇÃO N.º 068/05, de autoria da Ver.ª Mônica Leal, que
altera a redação do art. 1º da Resolução n.º 1.462, de 15 de maio de 2000,
estabelecendo a terça-feira imediatamente anterior ao dia 18 de novembro de
cada ano para a comemoração do Dia da Brigada Militar pela Câmara Municipal de
Porto Alegre.
PROC. N.º 1310/05 - PROJETO
DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 059/05, de autoria da Ver.ª Neuza Canabarro,
que denomina Rua Germano Arduino Toniolo um logradouro público cadastrado,
localizado no Bairro Camaquã.
PROC. N.º 1347/05 - PROJETO
DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 062/05, de autoria da Ver.ª Neuza Canabarro,
que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Humberto
César Busnello.
PROC. N.º 0597/00 - PROJETO
DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 001/00, de autoria do Ver. Juarez Pinheiro, que
dá nova redação ao caput do art. 7º
da Lei Complementar nº 320, de 02 de maio de 1994. (denominação de logradouros)
(desarquivado pelo Ver. Carlos Comassetto)
PROC. N.º 1163/01 - PROJETO
DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 048/01, de
autoria do Ver. Haroldo de Souza, que institui o ensino de Noções de Primeiros
Socorros nas escolas municipais e dá outras providências. Com Emendas n.ºs 01 a 04.
PROC. N.º 2175/02 - PROJETO
DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 129/02, de
autoria do Ver. Nereu D’Avila, que normatiza o funcionamento dos
estacionamentos de “shopping centers”.
PROC. N.º 2341/03 - PROJETO
DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 106/03, de autoria do Ver. Haroldo de Souza, que dispõe
sobre o Programa de Prevenção e Controle do Diabetes nas crianças e
adolescentes matriculados nas creches e demais estabelecimentos da rede
municipal de ensino.
PROC. N.º 2558/03 - PROJETO
DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 119/03, de
autoria do Ver. Haroldo de Souza, que assegura aos idosos com mais de 60 anos
de idade gratuidade nos eventos esportivos e dá outras providências. Com
Emenda n.º 01 e Subemenda n.º 01.
PROC. N.º 6350/03 – PROJETO
DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 458/03, de autoria do Ver. Haroldo de Souza,
que dispõe sobre a instalação de recipientes para a coleta de baterias usadas
de telefones celulares e outros. Com
Emenda n.º 01.
PROC. N.º 2254/04 - PROJETO
DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 097/04, de autoria do Ver. Haroldo de Souza, que dispõe sobre
a instalação de grades protetoras em logradouros públicos de uso estritamente
residencial no Município de Porto Alegre e dá outras providências.
PROC. N.º 5511/04 - PROJETO
DE LEI DO EXECUTIVO Nº 055/04, que oficializa a Feira de Antigüidades na Praça Daltro Filho aos
sábados. (desarquivado pelo Ver. Nereu D’Avila)
PROC. N.º 5914/04 - PROJETO
DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 010/04, que altera os limites do Parque Natural Morro do Osso e dá
outras providências. (desarquivado pelo Ver. Carlos Comassetto)
PROC. N.º 4338/03 - PROJETO
DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 321/03, de autoria do Ver. Sebastião Melo, que institui a
Semana Municipal de Prevenção e Combate à Osteoporose no Município de Porto
Alegre e dá outras providências. Com
Emenda n.º 01.
PROC. N.º 1477/04 - PROJETO
DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 061/04, de autoria dos Vereadores Ervino Besson e
Sebastião Melo, que dispõe sobre a instalação, sinalização, contratação e
utilização de controladores eletrônicos de velocidade e de semáforos nas vias
públicas de Porto Alegre, e dá outras providências a respeito de lombadas
eletrônicas e da fiscalização por radar móvel e fixo.
PROC. N.º 4202/04 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO N.º 187/04, de autoria do
Ver. Adeli Sell, que institui a Feira do Disco Vinil na Rua Uruguai.
PROC. N.º 5049/04 - PROJETO
DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 208/04, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que denomina Rua
Lelis Leo Garcia Espartel um logradouro público cadastrado, localizado no
Loteamento Nova Ipanema Green. (desarquivado pela Ver. Mario Fraga)
PROC. N.º 5067/04 - PROJETO
DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 209/04, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que denomina Rua
Michael Motta Seelig um logradouro público cadastrado, localizado no Loteamento
Nova Ipanema Green. (desarquivado pelo Ver. Mario Fraga)
PROC. N.º 0619/05 - PROJETO
DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 030/05, de autoria do Ver. Carlos Todeschini, que dispõe
sobre a organização e a integração dos serviços públicos de segurança municipal
por meio das Áreas Integradas de Segurança Pública (AISPs) e dá outras
providências.
PROC. N.º 0095/05 - PROJETO
DE RESOLUÇÃO N.º 036/05, de autoria do Ver. Dr. Goulart, que concede o
Prêmio de Cidadania e Direitos Humanos Herbert de Souza à Senhora Maria Helena
Johannpeter, na modalidade personalidade; ao Centro de Educação São João
Calábria, na modalidade entidade e a Calçados Azaléia S.A., na modalidade
empresa.
PROC. N.º 0626/05 - PROJETO
DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 032/05, de autoria do Ver. Carlos Todeschini, que institui
a obrigatoriedade do uso da mistura óleo diesel/biodiesel - B2 para os veículos
da frota municipal, transporte público e motores, móveis ou estacionários, de
combustão interna e de ignição por compressão, no Município de Porto Alegre, e
dá outras providências.
PROC. N.º 0949/05 - PROJETO
DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO N.º 006/05, de autoria do
Ver. Adeli Sell, que torna obrigatória a utilização de contêineres no manejo,
guarda e recolhimento de resíduos sólidos nos prazos em que menciona, mediante
compra dos equipamentos ou terceirização dos serviços.
PROC. N.º 0976/05 - PROJETO
DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 043/05, de autoria do Ver. Sebastião Melo, que dispõe sobre
o Programa de Redução Gradativa do Número de Veículos de Tração Animal, a ser
elaborado por grupo de trabalho composto por órgãos do Município e ONGs ligadas
a trabalhadores de VTAs e dá outras providências.
PROC. N.º 1087/05 - PROJETO
DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO N.º 005/05, de autoria do
Ver. João Carlos Nedel, que institui, no âmbito do Município, o Estímulo por
Contribuição Social aos contribuintes do ISSQN e IPTU, pessoa física ou
jurídica, que poderá deduzir do imposto a recolher até 50% do valor das doações
ao Fundo Municipal de Assistência Social, limitado a 40 % do valor do imposto
lançado em cada exercício. Com Emenda n.º 01.
PROC. N.º 1119/05 - PROJETO
DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 047/05, de autoria do Ver. Cláudio Sebenelo, que altera a
denominação do logradouro público cadastrado, conhecido como Praça Dr. Quintino
Bocaiúva, localizado no Bairro Chácara das Pedras, para Praça Dr. Celso Pedro
Luft.
PROC. N.º 1215/05 - PROJETO
DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 051/05, de autoria da Ver.ª Manuela d’Ávila, que concede o
título honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Senhor José Carlos
Ferraz Hennemann.
PROC. N.º 1352/05 - PROJETO
DE LEI DO EXECUTIVO N.º 004/05, que atribui verba de representação ao cargo que
menciona e extingue cargo em comissão na Administração Centralizada do
Município, e dá outras providências.
O
SR.PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Professor Garcia está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR.
PROFESSOR GARCIA: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs.
Vereadores, vejo que há inúmeros Projetos tramitando na Casa, mas vou-me deter
especificamente em dois Projetos do Ver. Bernardino e quero parabenizá-lo.
Antes, quero fazer alguns comentários que acho importantes.
Primeiro, V.
Exª institucionaliza o Orçamento Participativo, criando o Conselho Municipal do
Orçamento Participativo. Quero dizer que sou a favor da criação dos Conselhos,
mas sou contra a questão da institucionalização. Vou-lhe dizer por que sou
contra a institucionalização. No sistema do Brasil, que é um sistema
presidencialista, no momento de cada eleição, a população delega ao Prefeito,
ao Governador, ao Presidente, digamos, uma carta de crédito para que ele possa
dirigir os trabalhos. O Orçamento Participativo é uma forma de fazer com que a
população possa ter uma participação nessa, vamos chamar assim, co-gestão com o
Prefeito. No momento em que se institucionaliza o Orçamento Participativo, nós
estamos criando uma regra específica que pode servir para hoje e não servir
para amanhã, e as coisas são dinâmicas. Será que esse modelo é o melhor? Eu
mesmo defendo o Orçamento Participativo, mas, por exemplo, durante o Governo do
qual fizemos parte, criticamos muito, porque entendíamos que deveria ser mais
descentralizado, que deveríamos ter mais regiões. Então, no momento em que se
quer regrar a questão do povo, que é dinâmica, temos que ter cuidado.
Vossa
Excelência está propondo a criação de Conselhos, e eu sou favorável à questão
dos Conselhos, como a Verª Neuza também, e já terminou, está na 3ª Sessão de
Pauta, a criação do Conselho Municipal de Segurança. Ora, só que eu quero fazer
uma reflexão em cima disso. Os senhores e as senhoras estão lembrados de que,
há duas semanas, um Projeto de nossa autoria que justamente criava o Conselho
Municipal da Juventude foi vetado pelo Prefeito Fogaça. Então, há incoerências.
O Prefeito Fogaça não aceitou a criação do Conselho Municipal da Juventude que
coincidia com a Secretaria Municipal da Juventude, e eu disse que Conselho não
era deliberativo, o nome “conselho” é consultivo, é um órgão, um colegiado que
vai municiar, proporcionar idéias à Secretaria da Juventude, para que o
Secretário possa ter uma melhor ação. Mas não foi esse o entendimento do
Prefeito, não foi esse o entendimento dos Vereadores, e este Vereador,
infelizmente, não conseguiu ver o seu intento da criação do Conselho Municipal
da Juventude.
Mas, ao mesmo
tempo, os Vereadores propõem a criação de Conselho, e este Vereador quer ser
coerente, quer ser coerente, sim: é a favor da questão do Conselho, como disse
para a Verª Neuza, embora houvesse votado contra a questão da criação do
Conselho Municipal da Juventude. Este Vereador vai ser a favor do Projeto da
Ver. Neuza que cria o Conselho Municipal de Segurança. E também, em relação ao
outro Projeto, a mesma coisa, o Ver. Bernardino propõe a criação do Conselho
Superior de Cultura Tradicionalista Gaúcho do Município de Porto Alegre.
Ora, eu
entendo que a criação de Conselhos é uma coisa boa, porque é uma forma também
de permitir que mais pessoas possam sugerir, elas ficam envolvidas com
determinado segmento. Uma das coisas que eu tenho aprendido na vida é que,
muitas vezes, as pessoas não participam mais porque não são convidadas.
Então, eu
queria fazer essa reflexão e, ao mesmo tempo, ver uma questão de coerência. O
Sr. Prefeito, José Fogaça, não aceita um Conselho Municipal da Juventude,
porque foi uma iniciativa de um Vereador, ao mesmo tempo os Vereadores
continuam apresentando Projetos. Então, este Vereador vai ficar atento com a
questão de coerência. Eu vou manter a minha coerência. Aceito as iniciativas
dos Vereadores, vou fazer todos os esforços para que sejam aprovadas, mas vou estar
atento para que o Prefeito Fogaça - que teve as suas origens na juventude, foi
moldado no Movimento Estudantil - seja coerente. Isso eu espero do Prefeito
Fogaça, vou cobrar coerência, porque, no momento em que não aceita o Conselho
da Juventude, será que vai aceitar outros Conselhos? Porto Alegre precisa,
necessita de vários Conselhos. Muito obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. JOÃO
ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, o Prefeito
João Verle, no ano passado, encaminhou para esta Casa - em janeiro, agora foi
desativado - um Projeto de Lei que desafeta área verde para que seja dado
Direito Real de Uso a não sei quem, ele não fala aqui. Mas a Lei Orgânica é
clara, precisa e concisa e, reiteradamente, desrespeitada, como aconteceu no
caso da Vila Cosme Galvão. A área verde, na forma da Lei Orgânica, é
inalienável, é intocável, não pode ser usada para outra coisa que não seja área
verde. Dois artigos da Lei Orgânica dizem isso, mas o ex-Prefeito pretende - ou
pretendeu, não sei se nós continuaremos a tramitação desse Projeto - fazer
destinação para um loteamento com Direito Real de Uso. Ele tem outro Projeto (Lê.):
“Desafeta de destinação de uso comum do povo o próprio municipal, para fins de
regularização fundiária, através da concessão de Direito Real de Uso”. Outra
área verde.
Assim como ele
pretende dar Direito Real de Uso, pretendeu o Dr. João Verle - agora é sempre
bom dizermos de qual Prefeito nós estamos falando - dar Direito Real de Uso na
Rua Voluntários da Pátria. E a Lei Orgânica é clara, precisa e concisa: deveria
estar habitando em área não-urbanizada no dia 31 de janeiro de 1989. Ninguém
vai dizer-me agora, ninguém vai acreditar nesta Casa que a Rua Voluntários da
Pátria não é urbanizada. Portanto, é preciso muita atenção! O Ver. Luiz Braz
briga com esses dez anos que ele pretende, no máximo, de Direito Real de Uso,
para depois dar oportunidade àqueles que usaram corretamente, durante dez anos,
de adquirirem o imóvel. É uma briga bonita e tem o meu apoio. É o contrário do
que pretendeu a Administração anterior, que era transformar aqueles que tinham
contrato de compra e venda em contrato de Direito Real de Uso. Isso não é uma
boa política, não é uma política humana, não é uma política séria, porque o
homem precisa ser respeitado. Se um dia ele conseguiu adquirir, no Departamento
Municipal de Habitação, um imóvel por contrato de compra e venda, se, por um
momento qualquer de infelicidade, ele perdeu o emprego e atrasou quatro, cinco,
oito meses, um ano, não lhe pode ser proposto que fique tudo certo, que aceite
o Direito Real de Uso. Isso é crime, isso é maldade, isso é desrespeito. Isso é
não acreditar que um homem é igual a outro homem. É querer, através do poderio
econômico, da força, dominar as pessoas com o Direito Real de Uso.
Boa sorte na
sua campanha, Ver. Luiz Braz; V. Exª tem o meu apoio. Saúde e PAZ!
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE
(Elói Guimarães): O Ver. Carlos Comassetto está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. CARLOS
COMASSETTO: Sr. Presidente, prezados colegas Vereadores, prezado público, quero
tratar aqui, hoje, de vários Projetos que estão tramitando, particularmente do
Projeto nº 6.977/03. Antes disso, quero dizer ao Ver. João Dib que todos os
Projetos que estão tramitando para a instituição de Área Especial de Interesse
Social - as AEIS - não são obrigatoriamente para concessão do Direito Real de
Uso, mas, sim, para fazer uma desafetação de uma área que está no papel de uma
forma, mas cuja realidade é outra. São comunidades instaladas há mais de trinta
anos.
Isso é pensar
a Cidade no seu todo. Não podemos ter posições, Ver. João Dib,
discriminatórias, de querer dizer que uma comunidade com um nível social não
pode conviver com outra comunidade. Temos de buscar a integração. Portanto,
todos os Projetos que aqui estão para a desafetação ou para a transformação em
Área Especial de Interesse Social visam a uma incorporação e a uma qualificação
dessas comunidades no contexto da Cidade.
Dizendo isso,
quero tratar, justamente, do Projeto de Lei Complementar do Executivo que
acrescenta o mapa da malha viária básica do Município e estabelece diretrizes
para rede multimodal de transporte público de Porto Alegre. O que significa
este Projeto? Que muitos Vereadores vêm a esta tribuna reclamar que o Plano
Diretor não está regulamentado. Só que este Processo tramita nesta Casa desde o
ano de 2003. Nós falamos que a cidade de Porto Alegre, por ter na sua formação
a configuração radiocêntrica, resulta dos antigos caminhos que ligavam o seu
núcleo histórico, junto ao Guaíba, aos arraiais e localidades vizinhas ao longo
do seu desenvolvimento urbano. Esses caminhos consolidaram-se como os
principais eixos de ligação entre aquele núcleo original e as regiões
anteriormente de seu território. Como é que funciona isso? Em Porto Alegre, com
seu Centro histórico, constituíram-se as perimetrais e constituíram-se as
radiais, e o Plano Diretor já apresentou estudos para construir o que nós
chamamos de eixos de centralidades onde está o da Anita, onde está o da
Sertório/Assis Brasil, onde está o da Bento/Ipiranga, porém temos de consolidar
isso na prática, e a Cidade não é e não pode ser uma cidade unicêntrica, com um
único centro. Porto Alegre é uma cidade policêntrica, com vários centros.
Portanto, a
origem dessa discussão sobre o Projeto de Lei que aqui está tramitando está no
Plano Diretor de 1979, que já orientava as radiais em Porto Alegre, que foi
ampliado e consolidado dentro das diretrizes de mobilidade urbana; uma das sete
diretrizes do atual Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental. E que
tem por objetivo consolidar esse estudo, Ver. João Dib - e tem de ser dito aqui
- que foi constituído pela Administração Popular referendado pela Conferência
Municipal de Revisão do Plano Diretor e que tramita nesta Casa desde 1983.
Portanto, nós
temos de tratar esses temas do presente Projeto de Lei através do
estabelecimento de diretrizes viárias, buscar respostas à sustentabilidade
socioambiental requerida na totalidade do território municipal e pela
integração com os Municípios lindeiros da Região Metropolitana. Aqui nós
estaremos tratando, sim, das radiais, aqui nós estaremos tratando, sim, do
projeto de ampliação ou de instalação do metrô, aqui nós estaremos tratando,
sim, Sr. Presidente, da ligação do Centro da Cidade com os diversos bairros.
Portanto, eu destaco aos colegas Vereadores e às Vereadoras a importância desse
Projeto, desse tema, desse debate, e queremos continuar contribuindo aqui com a
Casa.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Bernardino Vendruscolo está com a palavra
para discutir a Pauta.
O SR.
BERNARDINO VENDRUSCOLO: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, o Ver. Professor Garcia mencionou aqui dois
Projetos de nossa autoria, ele fez referência e comparou com o seu Projeto que,
infelizmente, não foi aprovado por esta Casa. Talvez, Ver. Professor Garcia, o
seu Projeto não tenha sido aprovado porque recentemente nós aprovamos a criação
da Secretaria da Juventude. Secretaria esta que os senhores tiveram dezesseis
anos para criar e não criaram. E logo que nós aprovamos esta Secretaria, aqui
nesta Casa, V. Exª vem com a tentativa de aprovar o Conselho. Talvez tenha sido
isso, com todo o respeito. Mas nós contamos com o seu apoio, até porque sabemos
da sua sensibilidade para com os bons Projetos.
E sobre o
Projeto do Orçamento do Participativo, caros Vereadores, eu não posso trair a
minha consciência. Eu passei a vida toda fazendo críticas ao Orçamento
Participativo, chamando de clandestino; agora, que tenho oportunidade de ser
Vereador desta Casa, não devo me omitir de apresentar este Projeto com o
objetivo de regulamentá-lo. Essa é a verdade. Com todo o respeito, os
Vereadores desta Casa têm, sim, a oportunidade e terão de votar a favor ou
contra. Mas, enquanto isso não acontecer, Ver. Comassetto, eu estarei fazendo a
minha parte, por uma questão de coerência.
O Sr. Carlos
Comassetto: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Duas questões bem
rápidas, Ver. Bernardino. Não é clandestino, porque todos sabem onde se
realiza, como se comporta e onde se discute. Lá no Mercado Público, reúne-se o
COP - Conselho do Orçamento Participativo. Segundo, há uma contradição, o
senhor é da base aliada; o seu Prefeito, Fogaça, já reconheceu o Orçamento
Participativo como ele está. Queria que o senhor explicasse isso.
O SR.
BERNARDINO VENDRUSCOLO: É que nós queremos terminar com esse transporte de
gente, Vereador. A participação nas reuniões do Orçamento Participativo é
sempre a mesma. Eles só mudam de endereço no dia da reunião. Nós queremos
disciplinar isso, Vereador, para que toda a cidade de Porto Alegre participe do
Orçamento Participativo. Não os mesmos, porque, do jeito que está, serve única
e exclusivamente como massa de manobra.
E o nosso
Projeto que trata do Conselho Superior de Cultura Tradicionalista no Município
de Porto Alegre visa, sim, a homenagear esse Movimento que nos orgulha, o
Movimento Tradicionalista Gaúcho, que manda um recado ao Presidente desta Casa,
dizendo que, no dia 29, Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães, e todos os
Vereadores, nesse dia, o Movimento Tradicionalista Gaúcho estará abraçando o
Paço Municipal em homenagem ao seu aniversário.
Outro dia,
recebia críticas de um ambientalista, quando leu o nosso Projeto que trata
sobre a criação do Conselho Superior de Cultura Tradicionalista e a entrega da
administração do Parque da Harmonia a esse Movimento, dizendo que o Parque não
pode ser entregue, a sua administração não pode ser delegada. Pois eu quero
responder a esse ambientalista que o Movimento Tradicionalista certamente, se
tiver a oportunidade de administrar o Parque, vai cuidar melhor do que está
sendo cuidado hoje, porque hoje serve a outras coisas mais. Na semana passada,
mostrou à cidade de Porto Alegre o que estava acontecendo, quando lá,
aproximadamente, trinta ou quarenta ônibus adentraram sem o mínimo cuidado. E o
Movimento Tradicionalista Gaúcho precisa, com todo respeito, Sras. Vereadoras e
Srs. Vereadores, um pouco mais de apoio desta Casa, meu caro Presidente. O
Movimento Tradicionalista Gaúcho é o orgulho do povo do Rio Grande, é o orgulho
do Brasil no Exterior. E é por isso que nós entramos com Requerimento pedindo
que esta Casa aprove a Sessão do dia 19 de setembro, que ela aconteça lá no
Acampamento Farroupilha, em homenagem a esses que muito bem representam a
tradição do povo gaúcho. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. RAUL CARRION: Exmo Ver. Elói Guimarães, demais Vereadores, Vereadoras,
todos que nos assistem, em primeiro lugar eu queria tratar, no dia de hoje, de
um Projeto de minha autoria que outorga ao professor e intelectual Hélgio
Henrique Casses Trindade o Título de Cidadão de Porto Alegre.
O senhor
Hélgio Trindade é uma pessoa extremamente conhecida na nossa Cidade, no nosso
Estado. Nasceu em Encruzilhada do Sul, realizou seus estudos primários no Grupo
Escolar Uruguai, Colégio Anchieta, Instituto de Educação; foi presidente do
Grêmio Literário Anchieta; freqüentou o curso de Direito e de Filosofia na
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, na década de 60, convivendo com
grandes pensadores como Ernani Maria Fiori, Professor Leônidas Xausa; concluiu
o curso de graduação e durante ele ainda fez um curso intensivo com o também
conhecido Professor Cláudio Accurso, de Planificação e Desenvolvimento
Econômico, na CEPAL/BNDE.
Teve uma ampla
atividade estudantil, foi Vice-Presidente e Presidente do Conselho da UEE, na
gestão de Ernildo Stein; participou da primeira eleição direta da UEE,
na sua diretoria. Cursou Ciências Políticas no Instituto de Estudos Políticos
de Paris, sendo o primeiro brasileiro diplomado em 1967. Fez curso de Economia
Brasileira com o grande Celso Furtado, no Instituto de Altos Estudos da América
Latina. Doutorado em Ciências Políticas, com a tese “Integralismo - o Fascismo
Brasileiro nos anos 30”, tendo ingressado como professor na UFRGS em 1968, onde
atua como professor e pesquisador.
Ele possui 68
livros e capítulos de livros publicados, mais de uma centena de artigos em
periódicos nacionais e internacionais, principalmente na área de ciência
política. Foi Pró-Reitor de pesquisa e pós-graduação entre 1985 e 1987 e Reitor
da UFRGS de 1992 a 1996. Foi membro da Comissão Especial de Avaliação
Universitária da Secretaria de Educação Superior do Ministério de Educação
Política, em 2003; e é o atual Presidente da Comissão Nacional de Avaliação da
Educação Superior, 2004/2005.
Creio que é
uma pessoa extremamente conhecida de todo o mundo cultural desta Cidade, uma
pessoa que, durante o regime militar, teve uma posição firme, decidida, vertical
e que, sem dúvida, merece o apoio dos demais Vereadores para o Título de
Cidadão de Porto Alegre. Aliás, honro-me muito de ter apresentado o seu nome.
O segundo tema
que nós queremos debater é sobre o Projeto do Ver. Bernardino Vendruscolo, que
institucionaliza, segundo ele, o Orçamento Participativo em Porto Alegre. Disse
o Ver. Vendruscolo que entendeu fazer isso porque o OP era algo clandestino.
Ver. Vendruscolo, eu sugiro a V. Exª ler a Lei Orgânica do Município de Porto
Alegre; que é a Lei que deve pautar os Vereadores. O art. 116, § 1º, da Lei
Orgânica, que é a Constituição do Município, diz: (Lê): “Fica garantida a
participação da comunidade a partir das regiões do Município” - não é dos
bairros, Ver. Vendruscolo - “nas etapas de elaboração, definição e
acompanhamento da execução do Plano Plurianual de Diretrizes Orçamentárias e do
Orçamento anual”. Portanto, está na lei; é legal o Orçamento Participativo.
Inclusive o seu Projeto, possivelmente porque V. Exª não conhece esse artigo da
Lei Orgânica, propõe a participação da comunidade a partir dos bairros. Não! A
Lei Orgânica determina que seja a partir das regiões. E não determina isso por
acaso, porque é impossível, numa cidade com mais de quatrocentos bairros,
pensar na exeqüibilidade de um Orçamento Participativo desse tipo.
Outra coisa:
também estranho que o seu Prefeito tenha uma posição clara de defesa do
Orçamento Participativo nos moldes criados pelo povo de Porto Alegre, acho que
V. Exª não andou conversando ultimamente com ele. É um tema para maior debate.
Quero dizer que não é ilegal, não é clandestino, está previsto na Lei Maior do
Município, inclusive pelas regiões. Teremos oportunidade de debater isso, hoje
não houve possibilidade porque eu já estava no final do meu tempo, mas até me disponho
a conversar e mostrar a Lei Orgânica para Vossa Excelência. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
(Manifestação
anti-regimental do Ver. Bernardino Vendruscolo.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): Cumprimentos ao novo Parlamentar, Ver. Dr. Raul.
Visivelmente não há quórum. Estão encerrados os
trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a Sessão às 17h31min.)
* * * * *